Preso desde novembro, o pecuarista José Carlos Bumlai negocia um acordo de delação premiada com a força-tarefa da Operação Lava Jato. Há duas semanas, o amigo do chefão Lula se reuniu com procuradores para discutir sua disposição em colaborar com as investigações, que apuram o esquema de corrupção na Petrobras. Os advogados do empresário, porém, negam categoricamente essa possibilidade. Na primeira reunião, Bumlai foi informado sobre o funcionamento de uma delação premiada e os detalhes do procedimento - como se deslocar para prestar esclarecimentos sempre que considerado necessário pelos procuradores. Se concordar em colaborar com a força-tarefa, o empresário pode esclarecer se o chefão Lula tinha conhecimento e deu aprovação à contratação, sem licitação, do Grupo Schahin para operação de navio-sonda da Petrobras. Em troca, Bumlai fez um empréstimo de 12 milhões de reais no banco Schahin e que, conforme ele já confessou, foi destinado ao financiamento de caixa dois do PT. Segundo interlocutores, o pecuarista também pode explicar sua suposta intermediação junto a Lula para a contratação da OSX pela Sete Brasil - criada para a construção de 28 sondas fora do balanço da Petrobras. Embora a negociação não tenha dado certo, o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, "adiantou, a título de comissão, cerca de 2 milhões de reais a José Carlos Bumlai", segundo o Ministério Público Federal, cujo destino não está claro. Além disso, Bumlai pode dar respostas aos investigadores sobre o sítio em Atibaia (SP), que segundo a Lava Jato pertence ao ex-presidente Lula - ele afirma que não é dono do imóvel. O pecuarista é suspeito de ter bancado reformas na propriedade rural com dinheiro oriundo do petrolão. O filho de Bumlai, Maurício Bumlai - que responde a processos penais na Lava Jato por corrupção e por envolvimento em esquema fraudulento com a Schahin - reapareceu na quinta-feira passada, quando a delação do Delcídio do Amaral veio a público. Segundo o senador, foi o filho de Bumlai quem intermediou o pagamento de 250.000 reais à família do ex-diretor Nestor Cerveró, para que ele não aceitasse fechar acordo de delação premiada. A menção ao filho deixou Bumlai mais preocupado com o avanço da Lava Jato sobre seus familiares.
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