Mesmo em ruína financeira, a Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários) fez pagamentos à Pepper Comunicação Interativa, agência de publicidade de Brasília investigada nas operações Acrônimo e Lava Jato, ambas da Polícia Federal. Segundo dados da declaração de Imposto de Renda da agência, a cooperativa é descrita como "fonte pagadora" de R$ 40.800,00 para a Pepper, em 2011, e de R$ 20.400,00 no ano seguinte. A Bancoop é investigada pela Promotoria de São Paulo por supostas irregularidades em empreendimentos imobiliários. Entre eles, está o prédio em Guarujá (SP) onde um tríplex reformado pela OAS chegou a ser reservado à família do ex-presidente Lula, que desistiu do imóvel. A Pepper se tornou alvo da Lava Jato após executivos da Andrade Gutierrez relatarem em delação que a empreiteira pagou R$ 6,5 milhões no caixa dois da campanha presidencial de Dilma Rousseff em 2010 via um contrato fictício com a agência. A Pepper também é investigada na Acrônimo, que apura desvio de dinheiro em contratos de empresas que tinham empréstimos no BNDES e ainda financiamento irregular de campanha. A investigação apura se o atual governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), fez tráfico de influência no período em que era ministro do Desenvolvimento e presidente do Conselho de Administração do BNDES. A Pepper pagou faturas do cartão de crédito de Carolina Oliveira, mulher de Pimentel. As declarações de IR da Pepper mostram também que a agência recebeu R$ 3,6 milhões saídos dos cofres do governo federal entre os anos entre 2008 e 2013. De acordo com os documentos fiscais da agência de publicidade, a Secom (Secretaria de Comunicação) da Presidência da República fez três pagamentos que, juntos, somaram R$ 172.513. A Presidência pagou R$ 23.455,00 em 2008, R$ 75.578,00 em 2012 e mais R$ 73.480,00 em 2013. Em dezembro de 2014, após a reeleição da presidente Dilma Rousseff, Felipe de Castilho Fonteles, sócio da Pepper, e a funcionária Catherine Alves reuniram-se com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho. A reunião, que aparece na agenda oficial do então ministro, tinha duração prevista de 1h15 e como pauta "preparatória para a cerimônia de posse da PR (presidente da República)". A Presidência disse que a Pepper não foi contratada para prestar serviços na cerimônia de posse de Dilma e que a empresa nunca teve contrato direto com a Secom. Em nota, disse que "os contratos da Secom são com agências regularmente licitadas" e que essas agências "para viabilizarem a produção de peças publicitárias criadas para a Secom, buscam no mercado fornecedores especializados". Cinco ministérios também fizeram pagamentos à Pepper que totalizam R$ 3,1 milhões. O maior deles, de R$ 1,5 milhão entre 2011 e 2012, foi feito pela pasta da Saúde. A agência recebeu recursos ainda do BNDES e da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), vinculados ao Ministério do Desenvolvimento, entre 2012 e 2013. A Apex pagou R$ 76.992 à Pepper e o BNDES, R$ 271 mil. Nesse período o ministro era Fernando Pimentel. O Superior Tribunal de Justiça permitiu que a Polícia Federal interrogue e eventualmente indicie o governador, que é um dos principais investigados na Acrônimo. O PT, por meio de seus diretórios e comitês de campanha, também fez pagamentos à Pepper entre 2010 e 2013, que juntos somam R$ 15 milhões. O partido, segundo os dados da Receita, é o maior pagador da agência. Em 2010, há registro de pagamento do comitê da campanha de Dilma no valor de R$ 6 milhões. Ainda em 2010, há o pagamento de R$ 120 mil do comitê de Pimentel. O Diretório Nacional do PT pagou à Pepper R$ 1,2 milhão em 2010. No ano seguinte, o partido repassou R$ 789 mil, além de R$ 4,8 milhões em 2012 e R$ 1,7 milhão em 2013.
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