O Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros (Selic) em 14,25% ao ano mesmo com a inflação acima dos 10% em 12 meses até janeiro. É a quinta reunião consecutiva em que o Copom (Comitê de Política Monetária) decide que a taxa deve permanecer inalterada. A posição era esperada pela grande maioria dos economistas. Seis membros do Copom votaram pela manutenção da taxa (Alexandre Tombini, Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Luiz Edson Feltrim e Otávio Ribeiro Damaso), enquanto dois (Sidnei Corrêa Marques e Tony Volpon) optaram por um aumento para 14,75% ao ano. Nas últimas semanas, integrantes do Copom – incluindo o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini– vinham sinalizando que a Selic não deveria voltar a subir tão cedo. Eles argumentaram, em reuniões abertas e em encontros privados com participantes do mercado financeiro, que o cenário de recessão deveria conduzir os preços para mais perto da meta de inflação. O diretor de Política Monetária do Banco Central, Aldo Mendes, disse, no mês passado, que as expectativas de piora das economias brasileira e mundial deve contribuir para a queda da inflação em 2016, mas que a instituição avaliava que "não pode descuidar de idiossincrasias e particularidades de nossa realidade", como a indexação de preços e a expectativa de inflação ainda alta neste e no próximo ano. Para analistas, a decisão indica que o Banco Central está mais preocupado com a retração da atividade econômica do que com o controle da inflação. O IBGE divulga nesta quinta-feira (3) o tombo do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro em 2015, que deve ficar em -3,9%, segundo economistas. Para 2016, tampouco a economia do país dá sinais de recuperação. A previsão é de nova queda do PIB neste ano. Em evento da Anbima em São Paulo, Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor do Banco Central e CEO da Mauá Capital, avaliou que a autoridade monetária não precisaria mais subir a taxa de juros, dado que o consumo está desacelerando. "O mérito estaria mais em esperar (para elevar juros) do que em ser ativista", disse. Em janeiro, o Copom surpreendeu o mercado ao manter a taxa no atual patamar. À época, as projeções eram de alta para 14,50% ou 14,75%. No dia do primeiro de dois encontros do Copom para decidir a nova Selic, Tombini sinalizou que não haveria mais espaço para alta da taxa. Até então, a comunicação do Banco Central era pela elevação, que mirava o controle da inflação. Após a mudança de direção da autoridade monetária, economistas ouvidos no Boletim Focus passaram a prever que a Selic deve encerrar o ano no atual patamar. Antes, eles trabalhavam com alta. Em ata da reunião, divulgada no final de janeiro, o Banco Central avaliou que a piora do cenário internacional e um crescimento menor da economia brasileira podem aumentar as chances de que a inflação caia para mais perto do centro da meta, 4,5%, em 2017.
Nenhum comentário:
Postar um comentário