O adiamento do anúncio no corte do Orçamento e as notícias de que o governo pretende adotar regras mais flexíveis para cumprir a meta de superavit primário prejudicaram ainda mais a credibilidade da equipe econômica. Na quinta-feira (11), o governo petista de Dilma Rousseff decidiu postergar para março o corte que pretende fazer nos gastos para tentar cumprir a meta de economia de 0,5% do PIB. O anúncio era esperado para esta sexta-feira (12). "Esse atraso é muito ruim. A presidente já deveria ter apresentado coisas pontuais nesse sentido em sua mensagem ao Congresso, na semana passada", disse o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito: "Mas o clima já está tão ruim que não será isso o que vai mudar as expectativas do mercado". Para José Francisco de Lima Gonçalves, do Banco Fator, o governo tenta ganhar tempo para negociar com parlamentares cortes nos gastos ou aumento de impostos para definir o Orçamento. Marcelo Giufrida, sócio da Garde Asset Management, diz que o que mais preocupa não é o governo postergar a decisão, mas a intenção de adotar bandas de flutuação do superávit. Para ele, na prática, o governo está abandonando a meta fiscal para este ano. "No curto prazo só tem um jeito de resolver o problema fiscal, aumentar imposto, o que é inviável por causa do Congresso", diz Perfeito. O economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, também acredita que não será possível cumprir a meta. "Estimamos para este ano um deficit de pelo menos 1% do PIB, mas com chance de revisão para 1,5% nas próximas semanas", afirma. Ele acrescenta, porém, que o mais preocupante é a perspectiva de endividamento crescente. O mercado de juros futuros reflete essa preocupação. Com dívida maior, o governo pode ter de aumentar a remuneração oferecida aos investidores para se financiar.
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