sábado, 9 de janeiro de 2016

Procuradoria da República encontra 94 pedidos de Eduardo Cunha para se encontrar com empreiteiro delator


A Procuradoria Geral da República detectou, nas mensagens de celular do ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, um total de 94 pedidos de "encontro, ligação ou contato", entre ele e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Os dados foram descritos no pedido de busca e apreensão nos endereços de Eduardo Cunha, operação realizada em dezembro. Nas mensagens, eles acertam mudanças em projetos de interesse da OAS na Câmara e doações eleitorais, que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, aponta serem propina em troca da ajuda que Eduardo Cunha dá no em projetos no Legislativo. "Em contraprestação, Eduardo Cunha recebia vantagens indevidas, para si e para outrem, em forma de `doações' eleitorais", escreveu Janot. Segundo resumo das trocas de mensagens de Léo Pinheiro e Eduardo Cunha, há "94 pedidos em dias diferentes para encontro, ligação ou contato", 18 comunicações que indicam que um deles estaria em um local para encontro, 35 "pedidos/solicitações/cobranças/agradecimentos" de Eduardo Cunha para o empreiteiro e 30 de Pinheiro para Cunha. As conversas indicam, por exemplo, que a OAS escrevia emendas para Eduardo Cunha apresentar em medidas provisórias no Congresso. "Mandei para seu e-mail as emendas de EC refeitas", enviou um funcionário para o empreiteiro Léo Pinheiro. Janot também aponta que Cunha prometeu interceder a favor da OAS junto ao então ministro da Aviação Civil, Moreira Franco (PMDB), por questões relacionadas a obras em aeroportos, mas não há conclusão se a ajuda de fato foi efetivada. Em contrapartida, Eduardo Cunha fazia frequentes cobranças e negociações de doações à OAS, diz a Procuradoria Geral da República. "O tesoureiro Rogério Vargas, 900", enviou Cunha a Léo Pinheiro, mensagem interpretada pela Procuradoria Geral da República como uma cobrança de doação de R$ 900 mil ao tesoureiro do PSC. Em outra mensagem, segundo a Procuradoria Geral da República, Eduardo Cunha conta ter combinado uma doação com a Odebrecht para a campanha do correligionário Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) ao governo do Rio Grande do Norte e pede para Léo Pinheiro "acertar" com ele depois. "Tive com Júnior (da Odebrecht) pedi a ele para doar por você ao Henrique, acho que ele fará algo, tudo bem?", escreveu Cunha a Léo Pinheiro. Cunha tem afirmado que nunca recebeu propina e, em nota desta sexta-feira (8), afirmou que "existe uma investigação seletiva da Procuradoria Geral da República" contra ele. "Reitera que jamais recebeu qualquer vantagem indevida de quem quer que seja e desafia a provarem", informou na nota.

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