A Polícia Federal pediu ao juiz federal Sergio Moro, que atua nos processos da Operação Lava Jato, autorização para investigar as relações entre o PT e o Banco Schahin. O delegado Filipe Pace, que assina o pedido, diz que o fato de o banco nunca ter cobrado um empréstimo de R$ 12 milhões, que teria beneficiado o partido, guarda semelhanças com o Mensalão. No escândalo do Mensalão do PT, os bancos Rural e BMG não cobravam empréstimos feitos pelo PT, segundo a decisão do Supremo Tribunal Federal. Salim Schahin, um dos donos do banco, afirmou em acordo de delação premiada que o empréstimo de R$ 12 milhões, feito em 2004, nunca foi pago. Em troca do perdão da dívida, segundo ele, a Petrobras deu a uma empresa do grupo Schahin um contrato de R$ 1,6 bilhão. Outro personagem da história, o pecuarista José Carlos Bumlai, que tomou o valor emprestado, confirmou a fraude e afirmou em uma confissão que os R$ 12 milhões foram para o caixa dois do PT. Ele fez a confissão em busca de uma pena menor. O pecuarista diz que a idéia do empréstimo partiu do banco e que aceitou fazer a operação depois de um pedido do então presidente da instituição financeira, Sandro Tordin. O delegado diz no pedido que há uma série de fatos obscuros que devem ser apurados. Segundo a delação de Salim Schahin, o empréstimo foi acertado na sede do banco, com a presença de Delúbio Soares, que era tesoureiro do PT em 2004, e do publicitário Marcos Valério, que foi condenado a 40 anos de prisão em 2012 por ter sido considerado um dos mentores do Mensalão do PT. "A presença de Marcos Valério e Delúbio Soares, associada à existência de empréstimos duvidosos concedidos pelo Banco Schahin a pessoas ligadas ao Partido dos Trabalhadores, guarda inequívoca semelhança com as práticas criminosas identificadas no escândalo do mensalão", escreve o delegado no pedido. Outro fato suspeito na visão do delegado é a cobrança feita em 2008 não dos R$ 12 milhões emprestados quatro anos antes, mas de R$ 56 milhões. Outro delator da Operação Lava Jato, Eduardo Vaz Musa, que foi gerente da Petrobras, disse que ouviu de Sergio Gabrielli, ex-presidente da estatal, que o PT tinha uma dívida de campanha de R$ 60 milhões e que o valor seria pago pelo Schahin em troca de um contrato com a Petrobras para operação de sondas de prospecção de petróleo. Uma empresa do grupo Schahin ganhou em 2008 um contrato de R$ 1,6 bilhão para fornecer e operar um navio-sonda chamado Vitoria 10000. De acordo com o delegado, a cobrança de R$ 56 milhões pelo banco em 2008 e a afirmação de Musa colocam em dúvida a própria delação de Salim Schahin. Para o policial, a cobrança de R$ 56 milhões "é fato novo e que merece ser devidamente apurado". O delegado aponta ainda que há indícios de que o Banco Schahin fez um empréstimo de R$ 10,3 milhões que nunca foi pago e tinha como avalistas os produtores de vídeo Giovani Favieri e Armando Peralta Barbosa, que atuaram em campanhas do PT. Favieri confirmou que recebeu recursos de caixa dois de campanha que fez em 2004 em Campinas para o candidato a prefeito Dr. Hélio (PDT), que tinha o apoio do PT. Em sua confissão, Bumlai diz que metade dos R$ 12 milhões foi para o PT em Campinas e os outros R$ 6 milhões para o diretório do partido em Santo André. O delegado pede também para desarquivar uma apuração sobre o ex-presidente do banco, Sandro Tordin, por considerar que ele pode ter cometido irregularidades na concessão do empréstimo. Os procuradores da Lava Jato trataram Tordin como testemunha, não suspeito, e defenderam que a apuração sobre ele fosse arquivada porque ele saiu do banco antes de o empréstimo ter sido quitado de maneira fraudulenta.
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