O juiz Sérgio Moro, que conduz as investigações do esquema de corrupção da Petrobras no Paraná, compartilhou informações da Operação Lava Jato com o Tribunal Superior Eleitoral. Os dados serão anexados em duas das quatro ações da oposição que pedem a cassação da presidente Dilma Rousseff e de seu vice, Michel Temer. Entre o material estão documentos que falam sobre o repasse de dinheiro ao PT e ao ex-tesoureiro João Vaccari Neto. A defesa de Dilma, Temer e o Ministério Público Eleitoral terão que se manifestar sobre os dados. Após essa fase, a relatora das ações, Maria Thereza de Assis Moura, vai elaborar seu voto, que será submetido ao plenário do TSE – o que deve ocorrer em 2016. Nas ações que podem levar a perda do mandato, Dilma e Temer respondem por abuso de poder econômico e político, além da suspeita de que a campanha à reeleição foi financiada com recursos desviados da Petrobras. Em sua delação premiada, o empresário Ricardo Pessoa, dono da UTC, afirmou que pagou em propina R$ 20,5 milhões em propina ao PT, entre 2004 e 2014. O empresário disse ainda que entendeu, ao conversar com o atual ministro da Comunicação Social Edinho Silva sobre recursos para a campanha eleitoral da presidente Dilma Rousseff, em 2014, que o esquema de pagamento de doações para obtenção de obras na Petrobras continuaria em um eventual segundo mandato da presidente. Pessoa contou que manteve três contatos pessoais com Edinho, então tesoureiro da campanha de Dilma, no período da campanha eleitoral de 2014, duas vezes no comitê central do partido, em Brasília, e uma vez na sede da UTC em São Paulo. Segundo Pessoa, o contato com Edinho foi feito a pedido do tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, "a pretexto de que era necessário contribuir para as eleições de 2014, inclusive para a campanha presidencial". "Vaccari queria, além da conta corrente que mantinha com Pessoa, mais R$ 10 milhões", contou Pessoa. O empreiteiro reagiu, dizendo que era muito dinheiro. Ao final das conversas, disse ter sido "persuadido de maneira bastante elegante". Edinho teria dito, segundo o empreiteiro: "Você tem obras na Petrobras e tem aditivos, não pode só contribuir com isto. Tem que contribuir com mais. Eu estou precisando". Ricardo Pessoa afirmou que os valores para a campanha de Dilma foram acertados em R$ 10 milhões, mas apenas R$ 7,5 milhões foram pagos a parte restante não foi depositada porque o empresário acabou preso pela Operação Lava Jato em novembro de 2014. Pessoa afirmou ainda que "não se sentiu ameaçado" com o pedido de Edinho. O ministro, em depoimento à Polícia Federal, negou que tenha pressionado o empresário a fazer doações para a campanha petista. Ele é investigado no Supremo Tribunal Federal. O PT argumenta que as doações foram legais.
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