Na segunda parte do depoimento a Sérgio Moro, o delator Ricardo Pessoa detalha como contratou José Dirceu para prospectar oportunidades de negócio no Peru e revela que pagou o ex-ministro mesmo sem a prestação do serviço. O dinheiro saiu da conta corrente da propina que o empreiteiro mantinha com João Vaccari Neto. Segundo Pessoa, Dirceu chegou a ajudá-lo inicialmente na prospecção no Peru, quando foi apresentado à lobista Zaida Sisson, mulher de um ex-ministro. "Não se vai para outro país sem um parceiro, eu precisava ter legitimidade". Depois, passou a pagar Dirceu por "mera liberalidade", sem qualquer serviço prestado. O contrato de consultoria foi aditivado duas vezes, totalizando pouco mais de R$ 3,1 milhões. Desse montante, Pessoa admite que R$ 1,6 milhão foi pago com dinheiro de propina de obra do Comperj. Zé Dirceu já estava preso pela condenação do mensalão. "O Luiz Eduardo me pediu um aditivo, depois me fez outro pedido. Ele disse que estavam em dificuldade financeira e eu resolvi ajudar", diz. "Pedi para o próprio Vaccari descontar dos compromissos de obras da Petrobras, da conta que eu tinha com Vaccari, que era Petrobras. Ele disse que soube (do pedido) e aceitou descontar". Pessoa também relata seus primeiros contatos com Dirceu ainda em 2009. "Depois que ele saiu do governo, comecei a encontrá-lo no Rio. Encontrei com ele no Sofitel, depois fui ao escritório em São Paulo." Diz que depois foi apresentado ao irmão de Dirceu, Luiz Eduardo, que passou a "operacionalizar a gestão".
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