Em reação às manobras emplacadas pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para evitar o andamento do processo contra o peemedebista no Conselho de Ética, deputados de diversos partidos se revoltaram contra o peemedebista e abandonaram a sessão do plenário nesta quinta-feira. Aos gritos de "vergonha" e "Fora, Cunha", os parlamentares se dirigiram ao colegiado em uma tentativa de retomar a sessão. Aliados do presidente da Câmara conseguiram nesta quinta-feira suspender a reunião do Conselho de Ética alegando quórum insuficiente. Ao mesmo tempo, Cunha abriu os trabalhos do plenário da Casa, o que inviabilizou qualquer análise na comissão. Foi firmado, então, um acordo para retomar os trabalhos ao fim da sessão do plenário. No entanto, o segundo-secretário da Casa, Felipe Bornier (PSD-RJ), anulou todos os atos da sessão do conselho, o que impediria a reabertura do colegiado. Estava prevista para esta manhã a votação do parecer do deputado Fausto Pinato (PRB-SP) que pedia a continuidade das investigações contra o presidente da Câmara. Deputados de partidos de oposição e também do PT, PCdoB e do PSOL iniciaram então uma revolta em plenário. "Vossa excelência não tem autoridade, não é superior ao Conselho de Ética. O conselho é independente e temos mandato para que não possamos sofrer com intempéries", disse o presidente do colegiado, José Carlos Araújo (PSD-BA). Com um duro discurso contra Cunha, a deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP), puxou a debandada do plenário. "Eu gosto do senhor, mas o senhor nos decepciona. O senhor nos chama de imbecis e está perdendo a cada dia a legitimidade de presidir", disse a parlamentar. "O senhor está com medo? É isso que está acontecendo? Eu convido todos os deputados a deixarem essa sessão pela ética, pela moral que todos temos de ter nessa casa. Chega, senhor presidente. O senhor não consegue mais presidir. Levanta dessa cadeira", continuou. Os membros do Conselho de Ética chegaram a tomar seus lugares para retomar a sessão. Pressionado, Cunha acabou por revogar a decisão que havia anulado a sessão do conselho. "A suspensão é o caminho correto, e tenho de fazê-lo dentro da política da normalidade, do bom senso e da tranquilidade, e não debaixo da gritaria e da provocação", afirmou. No entanto, o presidente do colegiado anunciou que, para evitar nulidades, não haverá votação nesta quinta-feira. Ele convocou uma nova sessão para a próxima terça para a leitura e deliberação do relatório de Fausto Pinato. No entanto, deputados tomaram a palavra do conselho, organizando uma reunião informal num ato político. Enquanto isso, aliados do peemedebista seguem normalmente com a votação de uma medida provisória em plenário.
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