A família Kennedy, o mais famoso clã político dos Estados Unidos, foi sacudida esta semana com o lançamento do livro “A common struggle” (“Uma luta comum”), escrito pelo ex-congressista republicano Patrick Kennedy, caçula do falecido senador Ted Kennedy e sobrinho do mais famoso dos parentes: John Fitzgerald Kennedy. A obra, que fala abertamente de transtornos psicológicos e dependência de álcool e outras substâncias entre a família, pretende, segundo o autor, abrir um debate nacional sobre distúrbios mentais, alcoolismo e outras vícios. Mas as primeiras reações foram da própria mãe, Joan, e do irmão mais velho, Ted Jr., que lançaram críticas contra o livro. Na obra, à venda desde segunda-feira nos Estados Unidos, Patrick, de 48 anos, conta que decidiu romper com o que ele chama de “código familiar” de silêncio, desfazendo um “véu de segredos” sobre os problemas vividos pela mais célebre família americana — dentre eles o transtorno bipolar e desordens de ansiedade sofridas pelo autor, e internações em clínicas de reabilitação, inclusive quando era congressista por Rhode Island. Além disso, fala também do conhecido problema com álcool dos pais. Em uma entrevista à rede americana CBS, Patrick conta que o pai sofria de uma desordem não diagnosticada de estresse pós-traumático pelos assassinatos dos irmãos mais velhos, JFK e Bob Kennedy, mas evitou chamá-lo de alcoólatra: "Ele tinha um problema com álcool. Inclusive, agora mesmo, tenho dificuldade ao falar disso. É como estar rompendo aqui o código familiar. Agora, estou fora da linha familiar". A obra também revela uma família desunida, ressaltando que os vícios foram a forma encontrada para encarar os traumas e que todo escândalo era encoberto e tratado de forma obscura. Patrick conta que escondia vodca em garrafas de água, para consumir dentro do Congresso. E que colocava pílulas de opiáceos em tubos de aspirina. Numa madrugada de maio de 2006, bateu o carro contra uma barreira de segurança no Capitólio de Washington, trazendo os vícios à tona. Apesar de um porta-voz de Partrick ter afirmado que o autor entrevistou a mãe, Joan Kennedy afirmou que nem sabia que o filho estava escrevendo o livro, e que não o ajudou de nenhuma forma. "Apesar da franqueza com seus problemas pessoais, a obra faz um retrato impreciso e injusto da família", criticou o irmão Ted Kennedy Jr., desaprovando a obra. Patrick, que conseguiu vencer o alcoolismo e já está sóbrio há cinco anos, após ver um câncer no cérebro ceifar a vida do pai, rebate dizendo que está “tentando trazer luz a todas as histórias da família”: "Estou tratando de nos afastar da vergonha, e converter o estigma em um movimento político honesto com Deus".
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