O governo da petista Dilma Rousseff oficializou nesta terça-feira (27) que abandonou sua meta de fechar 2015 com superavit de R$ 5,8 bilhões e informou ao Congresso que sua nova previsão é encerrar o ano com um deficit primário de R$ 51,8 bilhões nas contas da União, o equivalente a 0,9% do PIB. Este rombo primário, despesas menos receitas, sem pagamentos de juros, pode ser ainda maior, caso o governo não consiga arrecadar R$ 11,1 bilhões com o leilão de 29 usinas hidrelétricas programado para o próximo mês. O governo já adiou o leilão do dia 6 de novembro para o final do mês que vem atendendo pedidos do setor, que alega falta de segurança jurídica enquanto uma medida provisória sobre o assunto não for aprovada no Congresso. Ou seja, sem estes recursos da licitação das usinas, o déficit do governo central pode chegar a R$ 62,9 bilhões, equivalente a 1,09% do PIB. "A meta pode ser modificada dependendo do que vier a ser incorporado para o pagamento ainda este ano", afirmou o relator da proposta de mudança da meta fiscal do Orçamento de 2015, deputado Hugo Leal (PROS-RJ), ao deixar o Ministério do Planejamento, onde esteve reunido com o ministro Nelson Barbosa. A projeção de déficit não inclui ainda o pagamento das "pedaladas", dívidas que o governo tem com os bancos estatais. A quitação dessas dívidas só entrará na programação orçamentária depois que o Tribunal de Contas da União se pronunciar sobre o formato do pagamento.
Inicialmente, o governo avaliava mandar uma meta de déficit, que será o segundo consecutivo, sem contar com os recursos do leilão, mas mudou de idéia. Agora, o governo correrá contra o tempo para garantir a realização do leilão ainda em novembro, com o qual espera arrecadar neste ano os R$ 11 bilhões. No mercado, porém, não há segurança de que todos os lotes serão vendidos, o que pode gerar menos receita do que o esperado. O governo decidiu refazer suas contas e prever um déficit de R$ 51,8 bilhões por causa de uma frustração de receita para este ano da ordem de R$ 61,4 bilhões. Em termos líquidos, esta perda de receita atinge R$ 57,6 bilhões. Para todo o setor público, incluindo Estados e municípios, o rombo previsto para 2015 é de R$ 48,9 bilhões, equivalente a 0,85% do PIB – a equipe econômica prevê que governadores e prefeitos vão conseguir fechar o ano com um superávit de R$ 2,9 bilhões.
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