Em 30 de abril de 2008, quando a S&P conferiu ao Brasil a categoria de “grau de investimento”, a então diretora de rating soberano da agência, Lisa Schineller, explicou os motivos. Segundo ela, tudo indicava que as escolhas do governo Lula, então, eram de longo prazo, e o tripé que animava o mercado era composto de regime de metas de inflação, austeridade fiscal e câmbio flutuante. Ela ainda afirmou: “Essa ação do governo gera as bases para mitigar o tamanho da dívida pública em relação ao PIB no Brasil, que é maior do que em outros países que já são investment grade (grau de investimento)”. Pois é… Se a S&P tivesse olhado com mais calma, já em 2008, havia evidências de que o modelo petista tinha pés de barro. Demoraria para quebrar, mas quebraria. O fato é que Dilma mandou para o mato o regime de metas de inflação e teve de arrebentar com a austeridade fiscal para tentar manter o jeito petista de fazer as coisas. Valia tudo, menos perder a eleição. E a dívida, claro!, voltou a mostrar a fuça feia. A notícia cai como uma bomba? Cai. Mas uma bomba absolutamente esperada, o que não ajuda muito. Depois que o governo teve a ousadia de enviar ao Congresso um Orçamento com um rombo admitido de R$ 30,5 bilhões, o que se poderia esperar? As três principais agências, diga-se — as outras duas são a Fitch e a Moody’s —, já haviam anunciado que a situação fiscal é que poderia determinar se o Brasil continuaria ou não como grau de investimento. E, como sabemos, houve uma brutal deterioração nesse fundamento. Era tudo aquilo de que o Brasil e Joaquim Levy, ministro da Fazenda, não precisavam agora. Até porque dificilmente as outras agências mantêm avaliações muito divergentes durante largo período. A Moody’s rebaixou o Brasil em agosto, mantendo perspectiva estável para a nota: de Baa2 para Baa3. Também se está a um degrau apenas do grau especulativo. O País está um pouquinho melhor na Fitch, a dois níveis ainda da nota vermelha. Mas já entrou no radar. Há dois dias, a agência afirmou que o seu foco de atenção está na “dinâmica de crescimento e na dívida..”. Então estamos fritos! Shelly Shetty, diretora sênior de ratings soberanos, disse que “a baixa performance do Brasil está se tornando estrutural”. Nada impede que uma agência salte mais de um nível ao fazer a sua avaliação, para cima ou para baixo. Eis aí… Com a sua espetacular incompetência, Dilma Rousseff conseguiu devolver o Brasil para o grupo dos maus pagadores, segundo uma das agências, e o deixou na marca do pênalti nas outras duas. Os esforços de Joaquim Levy não conseguiram impedir o desastre. Aliás, sua figura, infelizmente, já começa a cair num certo descrédito. No fim das contas, a máquina parece realmente muito mais poderosa do que ele próprio e seus instrumentos limitados de intervenção. Quais as consequências do rebaixamento, especialmente se a S&P for seguida pelas duas outras agências? O Brasil pagará juros mais altos para se financiar no mercado externo. Boa parte dos investidores colocará o País no fim da lista de prioridades. Há inúmeros fundos de investimento que são simplesmente proibidos de alocar recursos para países que estejam no grau especulativo. Nesta terça-feira, Luiz Inácio Lula da Silva participou de um evento no Paraguai e ensinou uma lição: entre combater a fome e investir em infraestrutura, é preferível a primeira opção. Só um idiota oporia uma coisa a outra. Uma vez opondo, o desastre, como se nota, é certo. É claro que os indicadores econômicos vão se deteriorar ainda mais, que a economia vai piorar e que os ânimos políticos vão se acirrar. Antes que FHC o fizesse, eu sugeri que Dilma renunciasse, como vocês sabem. Ela bem que podia optar por esse gesto de grandeza. Eu prometo manter todas as vinhetas estreladas por ela no programa “Os Pingos nos Is”, da Jovem Pan. Por Reinaldo Azevedo
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