quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Onze anos e meio depois, Dilma repete Lula e demite ministro petista por telefone

O estado miserável a que foi relegado o PT ganhou seu emblema nesta terça-feira. Por mais que os petistas tentem negar, Arthur Chioro, ministro da Saúde, prata do legítimo petismo, foi demitido por telefone — o que é, claro!, uma desonra segundo os códigos de quem está no comando. Não é a primeira vez que um presidente petista demite um companheiro assim. Em janeiro de 2004, Luiz Inácio Lula da Silva, fez o mesmo com Cristovam Buarque, hoje senador pelo PDT. E olhem que o homem já havia sido governador do Distrito Federal no tempo do petismo das vacas magras. No caso de Cristovam, a coisa foi até mais séria. Ele estava em viagem a Portugal, em razão do cargo. Lula ligou para a embaixada do Brasil em Lisboa e lhe deu o cartão vermelho. E nem foi para acomodar alguém de outro partido da base aliada. O agora senador foi substituído pelo também petista Tarso Genro. O Babalorixá de Banânia nunca havia perdoado o seu então ministro por, num passado remoto, ter desafiado a sua autoridade e se considerado um presidenciável dentro do PT. Um petista tem uma de duas chances com Lula: se ajoelhar ou morrer. A desculpa foi de doer. Lula disse que precisava fazer a reforma universitária e queria um não acadêmico para cuidar do assunto. Demonstrava, daquele modo, seu apreço pelos professores. Marilena Chaui adorou e, numa entrevista, comparou Lula à deusa do pensamento. Acreditem: a seu modo, o Brasil já foi pior. Hoje, que está se livrando da doença petista, melhora. Chioro é a chamada massa negativa. Sempre que ele soma, na prática, diminui. O ministério, sob os seus cuidados, produziu muitas desculpas nesses nove meses e nenhuma resposta. É extração do petismo lulista. Foi parar no ministério por indicação de Luiz Marinho, prefeito de São Bernardo, que é um dos porta-vozes de Lula. Chioro já havia comandado a Secretaria de Saúde do município. Dilma não gostava da sua, vamos dizer assim, autonomia a serviço do aparelho petista. Quando percebeu que o debate da CPMF voltaria, Chioro saiu em defesa do imposto, tentando abiscoitar o dinheiro (se fosse aprovado…) para a sua pasta, mas o governo tinha outros planos. Ao perceber que o seu cargo estava em negociação, franjas do PT tentaram se organizar nas redes sociais para garantir a sua permanência, notadamente o MST e o MTST. Dilma se irritou com o lobby, passou a mão no telefone e pôs o ministro na rua, numa ligação, consta, de dois minutos. A pasta vai para o PMDB, no esforço da presidente de retirar o partido da pauta do impeachment. Mas não está fácil fechar a reforma. Até porque, para contemplar todas as alas do PMDB, Dilma terá de cortar menos ministérios do que pretendia. O deputado federal Marcelo Castro, do Piauí, é o mais cotado para o lugar de Chioro. Lula, como se sabe, está dando pitaco na reforma. Anda mais assanhado que lambari na sanga. Mas não deixa de ser uma boa notícia saber que um aliado seu foi demitido. Independentemente de quem entre, a Saúde e os doentes saem ganhando. Chioro pertencia àquela espécie de políticos, muito comum hoje em dia, que foi treinada para fazer discurso se justificando e culpando os outros. Sem nunca assumir as suas responsabilidades. Se o sucessor de Chioro for muito ruim, acreditem, ainda assim, corre o risco de ser melhor. Por Reinaldo Azevedo

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