Apontado como organizador do cartel das empreiteiras, o dono da UTC e da Constran, Ricardo Pessoa, admitiu a realização de reuniões para “reduzir a concorrência” e pagamento de propina em contratos de três das dez maiores obras em curso no País: Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro) e das refinarias Getúlio Vargas (Repar, PR) e de Abreu e Lima (Rnest, PE). Ele também admitiu o pagamento de propina a ex-diretores da Petrobras e ao PT. “(Houve) obras que nós fizemos entendimento de redução da concorrência, que nós ganhamos, e obras ajudamos a não ganhar, isto é, fizemos proposta que não foi vencedora”, disse o empreiteiro baiano, em depoimento à Justiça Federal do Paraná. Foi o primeiro depoimento de Pessoa depois de ele ter feito um acordo de delação premiada, já homologado pelo Supremo Tribunal Federal. Ele falou como testemunha de acusação na ação penal contra o presidente Marcelo Odebrecht e ex-executivos do conglomerado. O acerto prévio, segundo ele, fez a UTC ganhar, junto com a Odebrecht, contratos de R$ 7,5 bilhões no Comperj e na Repar. Já em Abreu Lima, onde a Odebrecht liderou consórcios que ficaram com contratos de R$ 4,67 bilhões, a UTC entrou para perder. “Nós não ganhamos mas também não fizemos esforço para ganhar”. O empresário relativizou a noção de cartel entre as empresas que tinham contratos com a Petrobras e estão sob investigação da Operação Lava Jato. Segundo ele, havia “um pacto de não agressão” entre as empresas, mas esse acordo não garantia que elas seriam vencedoras de 100% das obras que disputavam na estatal. “Nós tínhamos a segurança de 70%, 80%. Eu tive duas ou três grandes surpresas”, relatou em depoimento. O empresário disse que não havia garantia de que as empresas que fizeram o acordo ganhariam determinadas obras porque havia “aventureiros”, ou seja, empresários que não participavam dos acordos. De acordo com Pessoa, só os maiores contratos da Petrobras eram objeto de acerto prévio. “No pacote do Comperj, por exemplo, dos 60 contratos que a Petrobras lançou, só 8 ou 10 fizeram parte desses entendimentos. Só nos grandes pacotes onde os grandes consórcios foram lançados. No restante, não”, disse. Segundo o empresário, as reuniões para o acerto de quem ganharia as obras começaram por volta de 2005, 2006. Nessa época, a Petrobras aumentou muito suas contratações. (…) Por Reinaldo Azevedo
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