O dono das construtoras UTC e Constran, o empreiteiro propineiro Ricardo Pessoa, delator do Petrolão, afirmou nas tratativas para o acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República que o ex-senador Gim Argello (PTB-DF) recebeu dinheiro para melar as investigações de CPI da Petrobras que funcionou em 2014, segundo fontes com acesso à apuração em curso no Supremo Tribunal Federal. Gim Argello, por indicação da base do governo no Senado, foi vice-presidente da CPI mista da Petrobras. Ao longo de 2014, o senador desempenhou por diversas vezes um papel de protagonismo na comissão, presidindo reuniões e oitivas. A ação de Gim Argello, um dos principais articuladores da base governista no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, teria envolvido recebimento de propina, conforme o relato inicial de Ricardo Pessoa. Além da suposta ação do petebista na CPI da Petrobras, o empreiteiro relatou a atuação de um parente de um ministro do Tribunal de Contas da União. O empreiteiro Ricardo Pessoa é apontado como chefe do cartel de empreiteiras que fraudou a Petrobras, o chamado "Clube do Bilhão". Após ficar seis meses preso em Curitiba, ele está em prisão domiciliar. O acordo de delação premiada foi assinado na sede da Procuradoria Geral da República, em Brasília, na última quarta. Homologada a delação pelo Supremo, o empreiteiro propineiro Ricardo Pessoa começa a prestar os depoimentos e detalhar o envolvimento de cada citado. Gim Argello participou das duas CPIs da Petrobras que funcionaram em 2014. Além de ter sido vice-presidente na comissão mista, formada por senadores e deputados, foi indicado para a comissão exclusiva do Senado. Na prática, apenas a primeira funcionou, entre maio e dezembro de 2014. As empreiteiras investigadas na Operação Lava-Jato acabaram blindadas na CPI: nenhum executivo foi convocado, nem sigilos foram quebrados. "Em nenhuma hora nenhuma tivemos condição para isso, quorum para isso. Acho que foi a eleição", disse Gim Argello. O relatório final da CPI mista, do deputado federal Marco Maia (PT-RS), foi aprovado dia 17. O texto recomendou o indiciamento de ex-diretores da Petrobras e de executivos de empreiteiras investigadas na Lava-Jato. Gim Argello presidiu essa sessão. Outro delator da Lava-Jato, o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, também relatou pagamento de propina para interferência em uma CPI. Uma comissão foi instalada em 2009 para investigar a Petrobras, e, diz Costa, o então presidente do PSDB, Sérgio Guerra, morto em 2014, recebeu R$ 10 milhões para dificultar os trabalhos. Também investigado na Lava-Jato e citado na delação de Pessoa, o senador Edison Lobão (PMDB-MA) é suspeito de ser sócio oculto de um grupo de empresas sediado nas Ilhas Cayman, um paraíso fiscal. Um inquérito foi aberto no STF em fevereiro para investigar a suspeita de lavagem de dinheiro. A holding Diamond Mountain captaria recursos de fundos de pensão de estatais, fornecedores da Petrobras e empresas privadas. O advogado de Lobão, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, negou o envolvimento e qualquer relação de seu cliente com a empresa, e disse ser “incompreensível“ a ilação feita.
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