Depois de uma ressaca de pelo menos seis meses, o Brasil deve buscar cerca de US$ 27 bilhões no exterior por meio de emissões de bônus, sendo US$ 2 bilhões em colocações soberanas, calcula o estrategista de crédito corporativo e soberano de mercados emergentes do BNP Paribas, David Spegel. O estrategista considera em suas projeções uma eventual captação da Petrobras, mas acredita que de um montante inferior aos que a companhia vinha tomando. "Uma vez que investidores se sintam mais confortáveis com os indicadores financeiros da companhia e seu futuro, a Petrobras terá uma boa oportunidade de retornar o mercado, é uma empresa lucrativa", afirmou Spegel. "Não acho que a Petrobras tomaria muito dinheiro e algo poderia ser esperado para o segundo semestre", acrescentou. O total projetado por Spegel em captações este ano pelo Brasil corresponde a um pouco mais do que a metade do emitido no Exterior pelo Brasil em 2014. A previsão do estrategista do BNP está em linha com as estimativas de outras instituições financeiras. As apostas são de que, no setor privado, o segmento de proteínas esteja entre os primeiros a captar lá fora. Spegel comenta que os US$ 2 bilhões estimados em emissões do Tesouro tratam-se de refinanciamento de títulos que estão vencendo. "O Brasil poderia emitir até US$ 6 bilhões este ano, se fosse usar o mercado externo também para pagar os US$ 3,7 bilhões em cupom (juro) que vencem este ano", afirma. Mas com base no que o País tem feito nos últimos dois anos, acredito que o governo irá apenas refinanciar os bônus que estão vencendo. No setor privado, o levantamento do estrategista mostra US$ 29 bilhões em vencimentos e juros a serem pagos em 2015. O que os profissionais dizem é que uma boa parte das emissões que devem vir ao mercado este ano seguirá o padrão de 2014, quando as empresas se concentraram em operações para alongar prazos a juros mais baixos. Até o momento este ano, a participação do Brasil no mercado de dívida foi zero e fortemente contribuiu para fazer minguar os números relativos as novas emissões de América Latina e dos emergentes. As emissões de bônus convencionais (excluindo colocações privadas e de euro medium term notes) da América Latina somaram US$ 41 bilhões, correspondendo 25% do total emitido por emergentes. Ele observa que desse volume, US$ 22 bilhões corresponderam a colocações de empresas, equivalente a 19% das emissões corporativas emergentes. Em 2014, as operações feitas por empresas latino-americanas responderam por 32% das colocações; em 2009, por 39%. O levantamento do estrategista nota ainda que o fluxo líquido de investimentos para a renda fixa foi negativo em US$ 15 bilhões no acumulado do ano para o Brasil, parte do qual direcionou-se para o México, onde o fluxo foi positivo em US$ 8,6 bilhões. Em regiões, Spegel nota que os investidores que compram bônus tiraram US$ 3 bilhões da América Latina neste ano, US$ 8 bilhões da Europa emergente e US$ 13 bilhões dos países do leste (Rússia, Ucrania, Casaquistão, etc), com aumento das alocações para Ásia (US$ 30 bilhões), África (US$ 5 bilhões) e Oriente Médio (US$ 2 bilhões). Para 2015, o estrategista do BNP estima que a América Latina deve emitir até o final do ano US$ 90 bilhões em bônus soberanos e corporativos (incluindo colocações privadas de bonus e os euro medium term notes), montante que se soma aos US$ 42,9 bilhões lançados até o momento. De emissores emergentes, a estimativa de Spegel é de que o montante captado some US$ 528 bilhões, entre emissões de bônus convencionais, colocações privadas e de notas, dos quais US$ 196 bilhões já chegaram ao mercado. Os volumes captados pela América Latina e pelos países emergentes neste ano são, de toda forma, inferiores aos tomados com emissão desses títulos em 2014. No caso do total de emergentes, a queda é de 16%.
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