A Petrobras destruiu gravações das reuniões de seu Conselho de Administração, incluindo aquelas que trataram de negócios investigados na Operação Lava-Jato. Segundo reportagem do jornal Estado de S.Paulo, a empresa alegou que áudios e vídeos com os diálogos dos conselheiros são "eliminados" após a formalização das atas dos encontros. Entre os registros que teriam sido apagados estavam as reuniões que contaram com a presença da presidente Dilma Rousseff, que chefiou o conselho de 2003 a 2010, no período em que era ministra da Casa Civil do governo de Luís Inácio Lula da Silva. Os assuntos debatidos nas reuniões são registrados nas atas, mas não integralmente, o que tem levado a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras e o Tribunal de Contas da União (TCU) a cobrar da estatal o paradeiro das gravações, que poderiam detalhar eventuais irregularidades cometidas pelos conselheiros no exercício de suas funções. Entre as atribuições dos conselheiros está a aprovação das principais obras da empresa, incluindo empreendimentos investigados na Lava-Jato. Diante da protelação da Petrobras para responder à solicitação, a CPI deu prazo até segunda-feira para a entrega dos registros existentes sobre os encontros, e não descarta requerer uma busca da Polícia Federal na sede da empresa, no Rio de Janeiro. O TCU decidiu checar se os conselhos Fiscal e de Administração da Petrobras praticaram "atos de gestão ruinosa ou deixaram de atuar com o necessário dever de cuidado" ao aprovar obras e serviços da companhia. Isso, segundo o jornal, significa que a presidente Dilma pode ser implicada por eventuais falhas detectadas nas auditorias. Desde o início de fevereiro, o jornal vinha questionando a empresa sobre as gravações, sem sucesso. Os pedidos, então, foram feitos pela Lei de Acesso à Informação. Em resposta, a Petrobras informou que as reuniões do Conselho de Administração são registradas por meio de gravador "colocado na sala" do encontro e também por meio de videoconferência. "Após as respectivas atas serem aprovadas e assinadas por todos os membros das respectivas reuniões, as gravações são eliminadas", alegou a estatal. Isso compreenderia as reuniões de março de 2006, com presença de Dilma, e de 2012, quando foram aprovadas as duas etapas da compra da refinaria de Pasadena. A Petrobras alega que a destruição está prevista no Regimento Interno do Conselho de Administração, embora não tenha apresentado o documento ao TCU. A corte agora quer saber em que condições os arquivos são apagados e desde quando.
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