quarta-feira, 1 de abril de 2015

Dilma no Ibope: nem pneumotórax nem tango argentino são alternativas. Ela pode tentar sair do PT. Quem sabe…

Pesquisa CNI/Ibope divulgada nesta quarta indica que apenas 12% dos brasileiros consideram o governo ótimo ou bom, contra 64% que o veem como ruim/péssimo. Para 23%, ele é regular. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos. O instituto ouviu 2.002 pessoas em 142 cidades, entre 21 e 25 de março. Os números são compatíveis com a pesquisa Datafolha divulgada no dia 18: 13% de ótimo ou bom e 62% de ruim ou péssimo. Ainda segundo o Ibope, apenas 24% dizem confiar na presidente, contra 74% que não confiam. Apenas 19% aprovam o governo, contra 78% que o desaprovam. Resultado assim só nos piores momentos dos governos Sarney e Collor. O que significam esses números e o que eles implicam? Vamos lá. Comecemos pelo significado: a inflação está acima de 8%; os juros, em 12,75%; e a economia, em recessão. Dilma foi obrigada a cortar gastos e a dar choque de tarifa na energia elétrica em razão da herança maldita que recebeu. Ocorre que essa herança vem do… primeiro governo Dilma. É crescente a sensação — endossada pelos fatos — de que a Petrobras era um covil. E é evidente que isso contamina o governo. O que esses números implicam? Que os protestos de rua vão continuar porque a insatisfação é grande, vai se generalizando, e as respostas do governo e do partido oficial, o PT, até aqui são pífias — quando não atentam contra o prestígio da própria Dilma. Desde o início, o partido cometeu o erro estúpido de achar que se tratava de um descontentamento restrito ao que o partido tachava de “elite”. Nem Lula, na sua megalomania falastrona, diria que 78% dos brasileiros agora pertencem à… elite. Enquanto os petistas continuarem a protagonizar os espetáculos de cinismo como o visto nesta terça-feira, no Sindicato dos Bancários, pior será a reação dos brasileiros. Num suposto ato em defesa da Petrobras, Lula e Rui Falcão praticamente cobraram que José Sérgio Gabrielli, que presidiu a estatal durante o período da sem-vergonhice explícita, fosse ovacionado como herói. Embora reconhecendo o direito que têm as pessoas de protestar (só faltava fazer o contrário), o chefão petista insistiu na tese de que a ladroagem era obra de alguns indivíduos que buscavam enriquecer e negou que a dinheirama tenha sido desviada para partidos políticos. Nas redes sociais e nos blogs sujos — financiados com dinheiro oficial —, a palavra de ordem é demonizar ainda mais os adversários, os críticos e os descontentes, o que, obviamente, só extrema o… descontentamento. Desde o começo dessa crise, tenho insistido na tese de que o PT e Lula ainda não entenderam que houve uma mudança de qualidade na sociedade brasileira. O velho discurso não cola mais. Num texto nesta manhã, afirmei que tanto o PT como Lula morreram. Alguns tontos insistem em não entender. O PT morreu como partido com tentações hegemônicas, e Lula morreu como demiurgo, capaz de reduzir todas as divergências a suas antevisões fantasiosas. Não sei, a esta altura, se Dilma tem saída. Mas estou convicto que de que ela pode tentar aquela que seria a sua única possibilidade: deixar o PT, despetizar o governo e o Estado e tentar um governo dos virtuosos, nos estritos limites das instituições, sem discurso salvacionista. À diferença daquele poema de Manuel Bandeira, nem o pneumotórax nem o tango argentino são alternativas para a presidente. Por Reinaldo Azevedo

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