Não adianta o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, tentar me matar de tédio porque não vai. Eu resisto. As minhas hipóteses de felicidade não estão nessa seara. Vamos ver.
Ele concedeu uma entrevista coletiva em que afirmou:
“Não espero a unanimidade nem a terei. Desejo e confio, sim, nesse momento singular do país e, particularmente, do Ministério Público brasileiro, que cada um dos meus colegas tenha a certeza de que realizei meu trabalho em direção aos fatos investigados, independentemente dos envolvidos, dos seus matizes partidários ou dos cargos públicos que ocupam ou ocuparam”.
“Não espero a unanimidade nem a terei. Desejo e confio, sim, nesse momento singular do país e, particularmente, do Ministério Público brasileiro, que cada um dos meus colegas tenha a certeza de que realizei meu trabalho em direção aos fatos investigados, independentemente dos envolvidos, dos seus matizes partidários ou dos cargos públicos que ocupam ou ocuparam”.
De saída, eu gostaria de menos verbos na primeira pessoa. E também descarto nuances de subjetivismo. Não me interessam. Nem deveriam interessar aos brasileiros.
Janot tentou explicar por que só apresentou pedidos de abertura de inquérito, não denúncias. Laryssa Borges, da VEJA.com, explica o que ele disse. Leiam. Volto em seguida.
“Embora o Ministério Público tenha colhido contra cada parlamentar diferentes níveis de provas, em alguns casos evidências cabais de recebimento de propina, o procurador-geral decidiu enviar ao STF apenas pedidos de inquéritos — e não denúncias diretamente — para poder abastecer posteriormente com mais indícios as futuras acusações contra cada congressista. Denúncias diretas contra parlamentares envolvidos no petrolão necessitam de provas mais fortes para serem apresentadas à Corte. A avaliação da força-tarefa do MP, porém, é que não se pode correr qualquer risco com a apresentação imediata de denúncias ainda não suficientemente embasadas.”
Laryssa é uma repórter competente e, certamente, fez um esforço danado para tentar deixar claro o pensamento de Janot. Fez o máximo possível. Ocorre que a fala não tem sentido. É um nó na lógica. Quer dizer que as evidências cabais de recebimento de propina acabam merecendo o mesmo tratamento de indícios tênues em razão do excesso de rigor? Ah, tenham a santa paciência!!!
A VEJA.com informa ainda que alguns parlamentares já se preparam para defender Janot dos ataques que seriam organizados pelos políticos que serão alvos de inquérito. Que bom, então, que já esteja se formando a tropa que vai defender Janot. Porque eu, como veem, o estou criticando. Daqui a pouco, alguém vai sugerir que sou um agente do Renan Calheiros, do Eduardo Cunha e do Fernando Collor.
Petrolão sem Lula e Dilma, como naquela música bonitinha cantada por Adriana Calcanhotto, é “avião sem asa/ fogueira sem brasa/ futebol sem bola, Piu-Piu sem Frajola”. Por Reinaldo Azevedo
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