Após a cúpula do PMDB no Congresso acusar o governo de interferir na elaboração da lista de 34 parlamentares que serão investigados por participação no esquema de corrupção da Petrobras, o Palácio do Planalto mandou um recado nesta terça-feira (10) aos líderes da base aliada na Câmara. Sem ser provocado, o ministro Pepe Vargas (Relações Institucionais) abriu o encontro com os líderes afirmando que o governo não atuou neste caso. Segundo relatos, ele justificou, inclusive, que há nomes do PT que são alvos do Supremo Tribunal Federal. A acusação de ingerência do governo partiu do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que estão entre os 22 deputados e 12 senadores que terão a conduta avaliada a pedido do Ministério Público Federal. Renan foi citado pela procuradoria como sendo do "núcleo político" de quadrilha para desviar recursos da Petrobras; Cunha foi acusado pelo doleiro Alberto Youssef de receber propina por um contrato da estatal. Ao negar envolvimento, Cunha disse que "o governo quer sócio na lama". Questionado sobre as explicações apresentadas aos aliados, Vargas disse querer esclarecer "boatos". "Não tem como alguém achar que o governo teria a possibilidade de incluir ou tirar alguém da lista. Equivaleria a dizer que o Ministério Público não tem independência. Ninguém sustenta isso com certeza e quando pensa melhor sabe que isso seria impossível de acontecer", afirmou o ministro. Vargas, que é responsável pela interlocução com o Congresso, disse que a reunião de líderes era o "espaço adequado para deixar claro que não há menor possibilidade" de interferência. "Como saíram interpretações dessa natureza, deixei claro que essa hipótese não tem, é impossível, inviável, não é verossímil", afirmou. Para o líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), o assunto não deveria ter sido abordado pelo ministro. "Acho que o tema não deveria nem ter sido tratado. A gente não deve nem supor que teve intromissão do governo", afirmou. Questionado sobre a posição de Renan e Cunha, ele desconversou. No Senado, interlocutores de Renan dizem ter certeza que o governo tentou sair do foco da Lava Jato. Na avaliação dos peemedebistas, a ''manipulação'' da lista teria se dado por meio do ministro José Eduardo Cardozo (Justiça). Confrontados com o fato de petistas ligados à Dilma, como Antonio Palocci, aparecerem, eles alegam que naturalmente aliados seriam listados para não configurar perseguição pura.
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