Em carta encaminhada aos membros do Ministério Público Federal, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, alertou os colegas que a operação Lava Jato chegou a um “momento crucial” com o envio, na última terça-feira (3), dos pedidos de investigação sobre pessoas com foro privilegiado ao Supremo Tribunal Federal. No documento, enviado ontem (4) e tornado público hoje (5), o chefe do Ministério Público Federal pediu que o órgão se mantenha unido, de modo a enfrentar “investidas que busquem diminuir o Ministério Público brasileiro, desnaturar seu trabalho ou desqualificar seus membros”. Na carta, Janot ressaltou que examinou “cuidadosamente” as particularidades apresentadas pelo grupo de trabalho baseado em Brasília e pela força-tarefa sediada em Curitiba. Ressaltou que usou critérios “técnicos e objetivos” ao preparar a peça enviada ao Supremo, com 28 pedidos para investigar 54 pessoas e os sete de arquivamento contra políticos citados. “Não espero unanimidade e não a terei. Desejo e confio, neste momento singular do País, particularmente do Ministério Público brasileiro, que cada um dos meus colegas tenha a certeza de que realizei meu trabalho em direção aos fatos investigados, independentemente dos envolvidos, dos seus matizes partidários ou dos cargos públicos que ocupam ou ocuparam”, acrescentou Janot. O procurador-geral ressaltou que, caso o ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo, concorde com o pedido para retirar o sigilo do processo, todo o trabalho da Polícia Federal e do Ministério Público será “esquadrinhado” e “submetido aos mais duros testes de coerência” pela sociedade e pelo que classificou como “parte disfuncional do sistema político”. “Não guardo o dom de prever o futuro, mas tenho experiência bastante para compreender como a parte disfuncional do sistema político comporta-se ao enfrentar atuação vigorosa do Ministério Público no combate à corrupção. Assim ocorrerá, porque é um valor central da democracia e do Princípio Republicano a submissão de qualquer autoridade pública ao crivo dos cidadãos brasileiros”, afirmou Janot. O ministro Teori Zavascki e assessores analisam o material desde a envio dos requerimentos de abertura de inquérito e de arquivamentos propostos pela Procuradoria-Geral da República. É possível que Zavascki anuncie amanhã (6) a decisão de acatar ou não o pedido de Janot para que o processo deixe de ser sigiloso.
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