O escândalo de corrupção envolvendo a Petrobras e seus fornecedores atingiu em cheio o setor naval. A Enseada Indústria Naval (EIN) afirmou que as obras do seu estaleiro Enseada Paraguaçu, na Bahia, foram encerradas a partir deste sábado. A EIN é uma empresa formada por Odebrecht, OAS e UTC — que estão envolvidas na Operação Lava-Jato, da Polícia Federal (PF) —, além da japonesa Kawasaki Heavy Industries (KHI). O estaleiro, que estava com 82% das obras concluídas, foi criado para construir seis sondas para o pré-sal e foi contratado pela Sete Brasil, que tem entre seus sócios a Petrobras, em um contrato de US$ 4,8 bilhões. Segundo nota da EIN, em razão “da crise de liquidez vivida pela indústria naval brasileira, a empresa orientou o consórcio construtor (formado por Odebrecht, OAS e Constran) a antecipar o processo de desmobilização da mão de obra civil responsável pela construção do estaleiro e encerrar suas atividades”. A EIN disse que só vai retomar as obras assim que a crise no setor for “resolvida”. Desde novembro de 2014, a empresa já demitiu 1.431 trabalhadores e vai desligar outros 600 até esta segunda-feira. O presidente da EIN, Fernando Barbosa, diz que mudanças no quadro de pessoal dependerão da celeridade com que os problemas que afetam o estaleiro forem solucionados. "Estamos, (em) vários Estados, nessa situação. Há uma cadeia grande envolvida. É uma crise sistêmica", disse Barbosa. Os problemas financeiros do estaleiro — assim como os de outros quatro (EAS, Jurong, Brasfels e Rio Grande) contratados pela Sete Brasil para construir outras 23 sondas para o pré-sal — começaram a se agravar em novembro. Foi a partir desse mês que a Sete Brasil parou de pagar às empresas diante da não liberação de um empréstimo do BNDES. Só a primeira parcela dos recursos somava R$ 10 bilhões. Na quinta-feira, em visita a Salvador, o ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro, disse que se discute uma ajuda financeira às empresas do setor naval. "Temos, junto ao BNDES, atuado para que se possa garantir a situação das encomendas. É operação complexa, mas está em curso. E algum tipo de assistência financeira a essas unidades vem sendo discutida com a participação do Banco do Brasil. A EIN vai receber R$ 125 milhões do Banco do Brasil. Apesar da paralisação das obras, a EIN diz que vai manter o cronograma de entrega das sondas do pré-sal, entre 2016 e 2020.
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