domingo, 8 de março de 2015

Em pé de guerra, PMDB afirma que Dilma Rousseff queria Aécio Neves na lista de Janot de qualquer jeito


Um dia após ser implicado na investigação da Lava Jato, o comando peemedebista do Congresso partiu para o ataque contra o governo, atribuindo interferência do Planalto na elaboração da lista de 34 parlamentares que serão investigados pelo Supremo a pedido da Procuradoria-Geral da República. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), foi citado pela procuradoria como sendo do "núcleo político" de quadrilha para desviar recursos da Petrobras; o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi acusado pelo doleiro Alberto Youssef de receber propina por um contrato da estatal. Ao negar, Cunha disse à Folha neste sábado (7) que "o governo quer sócio na lama. Eu só entrei para poderem colocar Anastasia (no rol)". O senador Antônio Anastasia (PSDB-MG) é ligado a Aécio Neves, presidente do PSDB e rival de Dilma em 2014. Cunha e Anastasia aparecem em um mesmo depoimento da Lava Jato, em que o policial afastado Jayme Alves de Oliveira Filho, o Careca, disse ter entregue R$ 1 milhão ao tucano a mando de Youssef. O senador nega.  Para Cunha, a peça da procuradoria é uma "piada" e foi uma "alopragem" de integrantes do governo, que, segundo ele, teriam interferido junto ao procurador-geral, Rodrigo Janot, para incluir ele e a oposição na lista. "Sabemos exatamente o jogo político que aconteceu. O procurador agiu como aparelho visando a imputação política de indícios como se todos fossem participes da mesma lama. É lamentável ver o procurador, talvez para merecer sua recondução, se prestar a esse papel", postou no Twitter. Conforme o blog do jornalista Fernando Rodrigues, no UOL, Renan tem avaliação parecida sobre o papel do governo no caso: "O jogo do governo era 'Quanto mais gente tiver (na lista), melhor, desde que tenha o Aécio", afirmou. Segue Renan: "Ela (Dilma) só soube que o Aécio estava fora na noite de terça, quando o Janot entregou os nomes para o Supremo. Ficou p... da vida. Aí a lógica foi clara: vazar que estavam na lista Renan e Eduardo Cunha. Por quê? Porque querem sempre jogar o problema para o outro lado da rua (...) o Planalto deliberadamente direcionou a cobertura da mídia para dois nomes". Renan também acusou Janot de estar "em campanha aberta para se releger". O mandato de Janot vai até setembro. Para continuar, ele depende de uma indicação de Dilma e da aprovação na Comissão de Constituição e Justiça. No Senado, interlocutores de Renan dizem ter certeza que o governo tentou sair do foco da Lava Jato. Para eles, isso poderá levar Dilma a ter seu impeachment pedido pela CPI da Petrobras. Essa posição radical, porém, ainda não encontra eco no campo de Cunha. Ele mesmo já disse ser contra o impeachment. Na avaliação dos peemedebistas, a ''manipulação'' da lista teria se dado por meio de Cardozo. Confrontados com o fato de petistas ligados à Dilma, como Antonio Palocci, aparecerem, eles alegam que naturalmente aliados seriam listados para não configurar perseguição pura. Sobre a acusação de que formou quadrilha, Renan disse que "tudo é inconsistente e frágil".

Nenhum comentário: