Após o anúncio de dados favoráveis sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos, o dólar fechou em alta de 1,49% nesta sexta-feira, a 3,0565 reais na venda, maior nível de fechamento desde 27 de julho de 2004. Trata-se da quinta alta consecutiva. Na semana, a divisa acumulou alta de 7,02%, maior apreciação desde a semana encerrada em 21 de novembro de 2008, quando subiu 8,38%. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro nesta sessão ficou em 1,2 bilhão de dólares.
Nesta quinta-feira, o Departamento do Trabalho americano divulgou que economia dos Estados Unidos abriu 295 mil postos de trabalho em fevereiro, acima da projeção de economistas consultados em pesquisa da Reuters, que previam 240 mil. O resultado deu fôlego às expectativas de que o aperto monetário nos EUA terá início em meados do ano, o que poderia atrair para o país recursos aplicados em outros mercados, como o Brasil.
Aqui no país, preocupações sobre o futuro do plano de ajuste das contas públicas também voltou a exercer pressão sobre o câmbio. Alguns investidores têm evitado ativos brasileiros, temendo que o governo não seja capaz de resgatar a credibilidade da política fiscal. “Toda a região (América Latina) está sofrendo, mas o real é especialmente vulnerável, em função dos problemas fiscais”, disse o economista da 4Cast Pedro Tuesta.
A disparada da moeda americana levou muitos operadores a especular que o BC poderia elevar a oferta de swaps cambiais (que equivale à venda de dólares no mercado futuro) para rolar integralmente o lote que vence em abril. “É uma pulga atrás da orelha. O mercado começa a perguntar se pode vir mais swap”, resumiu o operador de câmbio da corretora Intercam, Glauber Romano.
Operadores também têm dúvidas sobre a continuidade do programa de intervenções diárias no câmbio, marcado para durar até pelo menos o fim deste mês. “Está cada vez mais claro que o governo acredita que o real está excessivamente valorizado, mas o mercado continua desconfiado. Depois de tanto tempo de intervenção, é difícil acreditar que o BC vai sair do mercado”, disse a operadora de um importante banco internacional.
Durante a manhã, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, afirmou que a recente depreciação do real “corrige”, em parte, a apreciação que aconteceu nos últimos anos e não mostra descontrole cambial. “Não é uma depreciação que causa nenhum descontrole, é simplesmente a mudança de patamar da taxa de câmbio que tem um efeito restritivo no curto prazo -afeta a inflação, afeta o crescimento-, mas tem um efeito positivo no médio prazo, ao recuperar a competitividade da indústria”, disse o ministro.
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