O senador Aécio Neves (PSDB-MG) acusou o governo brasileiro de ser cúmplice do que chamou de "escalada autoritária" em alguns países da América Latina, em especial a Venezuela. A declaração foi dada pelo tucano nesta sexta-feira (27) no Foro de Lima, evento organizado pelo escritor Mario Vargas Llosa, no Peru, para debater o cenário político da região. Para Aécio Neves, o alinhamento ideológico passou a reger a diplomacia no Brasil a partir da chegada do PT ao Planalto, com a posse do ex-presidente Lula, em 2003. Ele afirmou que a decisão do partido "apequenou" o País "do ponto de vista de sua influência natural, pela sua dimensão territorial, populacional e, até mesmo, econômica". "Há uma omissão hoje grave de governos eleitos democraticamente em relação à escalada autoritária que toma conta de alguns países. No caso do Brasil, é muito mais do que uma omissão. É uma cumplicidade extremamente grave com esses regimes", afirmou. Adversários políticos do ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, entre eles o líder opositor Leopoldo López e o prefeito da região metropolitana de Caracas, Antonio Ledezma, foram presos pelo governo. Além disso, o governo tem reprimido de forma violenta protestos contra medidas adotadas pelo chavista. Em fevereiro, questionada sobre eventos como a prisão de Ledezma, a presidente Dilma Rousseff ressaltou que a relação entre Brasil e Venezuela é boa e que não caberia ao governo interferir em "questões internas" do país vizinho. A posição do governo foi criticada pela oposição, que decidiu agora assumir o protagonismo nas críticas a Maduro. Durante o debate em Lima, Aécio Neves confirmou que convidou as mulheres dos dois adversários do presidente venezuelano a visitarem o Brasil para falar no Congresso Nacional sobre a situação de seus companheiros presos pelo regime bolivariano chavista. "O senador Aloysio Nunes fará um grande ato na Comissão de Relações Exteriores em defesa da liberdade na Venezuela", disse Aécio Neves. Ele também confirmou que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso atuará pessoalmente na banca de defesa de Leopoldo López, na Venezuela. "Estamos organizando uma ida de lideranças importantes do Brasil, e eu pretendo participar deste grupo, à Venezuela. O ex-presidente Fernando Henrique pediu, inclusive, em seu nome, que eu aqui hoje anunciasse, que ele está aceitando o convite do ex-primeiro-ministro Felipe González e participará, pessoalmente, da banca de defesa de Leopoldo López na Venezuela", afirmou. O senador também usou sua fala para criticar o desempenho político e econômico do governo Dilma e classificou como "crescimento medíocre" o resultado do PIB de 2014 divulgado nesta sexta-feira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário