Partidos de oposição defenderam neste sábado que a futura CPI da Petrobras convoque o presidente da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, para que ele preste depoimento e esclareça como a empreiteira utilizou dinheiro de propina em contratos com a Petrobras para abastecer o caixa do PT, irrigar campanhas políticas na Bahia e ainda pagar despesas pessoais do ex-ministro e bandido petista mensaleiro José Dirceu. Reportagem de VEJA informa que Ricardo Pessoa, preso na Operação Lava Jato, fez chegar um resumo à revista do que ele pode revelar às autoridades caso feche um acordo de delação premiada. Entre as informações do empreiteiro, que é amigo próximo do ex-presidente Lula, está a confirmação de que o PT recebeu 30 milhões de reais de propina por meio de doações eleitorais, que as campanhas dos petistas Jaques Wagner e Rui Costa ao governo da Bahia foram financiadas com recursos do escândalo do Petrolão, que colocou 10 milhões de reais na campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff e que mais de 2 milhões de reais em dinheiro sujo foram repassados ao ex-ministro José Dirceu para que ele pagasse despesas pessoais. E mais: as pressões para que o empresário não colabore com a Justiça — e consequentemente implique o alto escalão petista, incluindo o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff — partiram, segundo os advogados de Pessoa, do próprio ministro da Justiça, o "porquinho" petista José Eduardo Cardozo. Na última semana, VEJA havia informado que Cardozo recebeu defensores do empreiteiro para pressioná-lo a não aceitar um acordo de delação e informou a eles que a Operação Lava Jato, que jogou luz no maior escândalo político de que se tem notícia, sofreria uma reviravolta depois do Carnaval. José Eduardo Cardozo nega que tenha discutido os rumos da Lava Jato com os advogados e disse neste sábado, em nota, que vai processar civil e criminalmente as pessoas que têm atuado como interlocutoras do empreiteiro Ricardo Pessoa. “O Ministério Público sabe que tem que denunciar todas essas pessoas. E isso inclui o governador da Bahia, Rui Costa, o ex-governador da Bahia, Jaques Wagner, o ex-presidente da Petrobras, Sergio Gabrielli, o ex-presidente Lula e a presidente Dilma”, disse ao site de VEJA o deputado federal José Carlos Aleluia (DEM-BA). “Não dá pra ficar com o sentimento de que quem vai para a cadeia são os achacados e nunca os achacadores. O ex-presidente Lula estabeleceu no governo dele um esquema de que só trabalhava na Petrobras quem pagava. Para ser empreiteiro no Brasil tinha que pagar propina para Lula”, acusa o parlamentar. Para Aleluia, o Ministério Público deveria pedir a prisão preventiva de autoridades que, segundo ele, estão interferindo nas investigações sobre a Operação Lava Jato. “Quem com porcos se mistura farelo come. E Lula criou um chiqueiro na Petrobras. Por isso, não tem cabimento estarem soltos o ex-diretor Renato Duque, o tesoureiro João Vaccari Neto e o próprio Lula. Eles estão atrapalhando a investigação”, disse. Nos últimos dias, os partidos de oposição começaram a traçar estratégias para que a nova CPI da Petrobras, a ser instalada no próximo dia 26, tenha uma lista de autoridades prontas para serem convocadas logo nos primeiros dias. O líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (PSDB-SP), quer tomar depoimento de imediato dos ex-ministros José Dirceu e Antonio Palocci, apontados pelo doleiro Alberto Youssef como “pessoas próximas” ao delator Julio Camargo, de uma empresa que pagou propina em contratos com a Petrobras, e aprovar quebras de sigilo bancário, fiscal e telefônico de José Dirceu, Antonio Palocci, do tesoureiro João Vaccari Neto, do ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque, e do ex-gerente Pedro Barusco. Diante das novas revelações de VEJA, a oposição pretende também ouvir o empreiteiro Ricardo Pessoa e vai negociar com o juiz Sergio Moro, responsável pela Lava Jato, uma autorização para que o empresário possa ir à CPI. No ano passado, Moro autorizou que o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, fizesse uma acareação com o também ex-diretor Nestor Cerveró na comissão de inquérito. “O Ricardo Pessoa evidencia que há pressão do governo sobre aqueles que estão presos e mostra que eles podem denunciar o motivo de terem parado na cadeia. Por isso, na CPI da Petrobras temos que tratar o caso como ocorreu o Paulo Roberto Costa e garantir a ida do Ricardo pessoa, mesmo preso. Ele pode dar grande avanço na CPI e cumprir seu papel”, disse o líder do PPS Rubens Bueno (PPS-PR). Ele defende ainda que a comissão aprove as convocações dos ministros Jaques Wagner (Defesa) e José Eduardo Cardozo (Justiça), do governador da Bahia, Rui Costa, e do ex-presidente da Petrobras, Sergio Gabrielli, autoridade que tinha conhecimento de todo o esquema de cobrança de propina na estatal. “A convocação deles é possível, viável e necessária para esclarecimentos, já que Jaques Wagner está no olho do furacão com Gabrielli. Esse grande esquema do PT no poder precisa ser desmontado a bem do País”, completou.
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