terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Dilma faz como o sapo e busca se aproximar do PMDB por necessidade, não por boniteza

Em vez de incentivar a criação de um novo partido para quebrar a espinha do PMDB, a presidente Dilma Rousseff resolveu se reaproximar do seu principal aliado, do qual anda distante. Michel Temer, vice-presidente da República e principal liderança da legenda, recebeu no Palácio do Jaburu, na noite desta segunda, a trinca da economia — Joaquim Levy (Fazenda), Alexandre Tombini (Banco Central) e Nelson Barbosa (Planejamento) —, o petista Aloizio Mercadante, ministro da Casa Civil; os peemedebistas Eduardo Cunha, presidente da Câmara, e Renan Calheiros, presidente do Senado, e seus respectivos antecessores: Henrique Eduardo Alves e José Sarney.

Também estavam presentes os sete ministros filiados ao PMDB: Kátia Abreu (Agricultura), Edinho Araújo (Portos), Eliseu Padilha (Aviação Civil), Vinícius Lages (Turismo), Eduardo Braga (Minas e Energia), Helder Barbalho (Pesca) e Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos).
Objetivo do encontro? Selar o apoio do partido às duas Medidas Provisórias que resumem o ajuste fiscal defendido pela equipe econômica — que, obviamente, sem o apoio do PMDB, corre riscos. Segundo apuração do Estadão, Cunha — visto hoje como um das pedras na sapatilha da presidente Dilma —, fez uma defesa enfática das medidas.
Ainda de acordo com o Estadão, os líderes peemedebistas não fecharam apoio às duas MPs, mas, tudo indica, haverá um armistício nessa questão. “Falamos que eles terão nossa boa vontade”, afirmou Cunha à Agência Estado.
Os peemedebistas aproveitaram a presença de Mercadante para reclamar da articulação política do governo, que, vejam que curioso, é comandada por… Mercadante. Consta que ele concordou que os problemas existem. Então eu tenho uma saída: que Mercadante demita… Mercadante. O que lhes parece?
O pacote fiscal é considerado vital para que o governo comece a recuperar a credibilidade dos agentes econômicos. Por outro lado, algumas de suas medidas tendem a gerar confronto com entidades sindicais, especialmente as que dificultam o acesso ao seguro desemprego. Sem o apoio do PMDB, é certo que o governo naufragaria. Hoje, mesmo com Joaquim Levy na Fazenda, a desconfiança é enorme. Há justamente o temor de que ele não consiga ver aprovado o pacote.
O delírio petista de tentar quebrar as pernas do PMDB parece ter passado. Por enquanto ao menos. A presidente, tudo indica, jogou a toalha, mas é por necessidade, não por boniteza, o que também explica o pulo do sapo, segundo Guimarães Rosa. Por Reinaldo Azevedo

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