quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Apontado como líder da máfia do ISS é alvo de nova denúncia


O ex-subsecretário da Receita da gestão Gilberto Kassab (PSD), Ronilson Bezerra Rodrigues, apontado como chefe do esquema conhecido como máfia do Imposto sobre Serviços (ISS), é alvo de nova denúncia por lavagem de dinheiro, apresentada na terça-feira pelo Ministério Público Estadual à Justiça. A denúncia será analisada pela 21ª Vara Criminal de São Paulo, na Barra Funda. É um desdobramento da primeira acusação contra a máfia, que indiciou onze pessoas ao ser aceita pela Justiça, em agosto do ano passado. Desta vez, Ronilson e a mulher, Cassiana Malhães Alves, são acusados de ocultar a renda obtida com a arrecadação de propinas da máfia, que pode ter causado um prejuízo de 500 milhões de reias à prefeitura, comprando bens em nome de um laranja. Seria o administrador de empresas Francisco José Cominato, um amigo de infância de Ronilson, segundo o Ministério Público Estadual. O criminalista Márcio Sayeg, advogado de Ronilson, diz que vai analisar a denúncia, uma vez que seu cliente ainda não foi formalmente citado por essa acusação. Sobre o envolvimento com a máfia, Sayeg diz que Ronilson e Cassiana se dizem inocentes. A denúncia, de dez páginas, cita a compra de dois imóveis feita por Cominato com os pagamentos feitos por Ronilson. O primeiro é um apartamento na Rua Joaquim Floriano, no Itaim-Bibi, Zona Sul da capital, adquirido em um leilão em julho de 2010. "Arrematados os bens em nome de Francisco José Cominato, os denunciados Ronilson Bezerra e sua mulher, Cassiana Manhães, verdadeiros adquirentes, passaram a pagar as parcelas do financiamento, as despesas ordinárias e os serviços prestados nos imóveis", diz a denúncia do Ministério Público Estadual. A transação, ainda de acordo com o Ministério Público Estadual, é comprovada com sete documentos apreendidos na casa de Ronilson em 30 de outubro de 2013, quando a Máfia do ISS foi desbaratada. O segundo imóvel citado fica na Rua Tucuna, em Perdizes, zona oeste de capital, comprado em 2008. Cominato é apresentado no texto como um homem disposto a localizar boas oportunidades de negócios para Ronilson. "Sabendo que Ronilson e Cassiana necessitavam ocultar e dissimular dinheiro de origem criminosa, Cominato intermediou a compra do imóvel de propriedade do Banco Itaú, cujo preço foi pago por aqueles com dinheiro de origem criminosa", diz a denúncia. Quando teve de apresentar à Prefeitura a declaração de bens em sua propriedade - uma obrigação de todos os servidores públicos -, ambos os imóveis foram omitidos. Eles já foram sequestrados pela Justiça. O valor atual dos imóveis não consta na peça de acusação - há referência apenas ao pagamento do imóvel adquirido em leilão, que custou, em 2010, 250.000 reais. Dois fiscais da prefeitura também acusados de ligação com a máfia, Eduardo Horle Barcellos e Luís Alexandre Cardoso de Magalhães - que fizeram delação premiada e colaboram com o Ministério Público Estadual -, são citados na relação de testemunhas dessa nova denúncia. O Ministério Público Estadual conseguiu repatriar 238.000 dólares (cerca de 630.000 reais) de uma conta do First Union Bank de Miami relacionada a Magalhães, suspeito de ser o operador da máfia do Imposto sobre Serviços. Segundo o promotor Roberto Bodini, Magalhães confessou que o dinheiro era fruto das propinas arrecadadas de empresas que colaboraram com a máfia. O promotor havia pedido à Justiça que o dinheiro fosse depositado diretamente na conta da prefeitura, mas a 21ª Vara Criminal da Capital entendeu que o dinheiro deveria ficar em uma conta judicial até o fim do processo.

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