segunda-feira, 3 de novembro de 2014
Partidos nanicos negociam formação de bloco parlamentar para a eleição na Câmara dos Deputados
Em uma Câmara dos Deputados pulverizada em 28 partidos, as 10 siglas “nanicas” tentam formar um bloco parlamentar para ter peso na eleição para a presidência da Casa no próximo biênio - uma disputa que pode colocar em rota de colisão as duas maiores legendas da base de apoio da presidente Dilma Rousseff. Peemedebista e petistas afirmam que, se formalizada, a nova força política será cobiçada pelos candidatos que, nos bastidores, tentam viabilizar seus nomes. Juntos, PHS, PTN, PRP, PMN, PEN, PSDC, PTC, PT do B, PSL e PRTB elegeram 24 deputados. O PHS, fundado em 1997, teve o melhor resultado e conquistou cinco cadeiras. “As conversas estão bem adiantadas e é uma questão de sobrevivência para os pequenos partidos”, avalia o deputado Luis Tibé, líder do PTdoB: “Se o bloco não se concretizar será horrível para nós". O líder do PMDB, deputado federal Eduardo Cunha (RJ), foi lançado na semana passada pela bancada peemedebista candidato ao comando da Câmara. O PT, que fez a maior bancada neste ano e elegeu 77 deputados, também articula lançar um nome, o que deve romper um acordo de revezamento entre os dois partidos que foi iniciado em 2006. Desafeto do governo por ter liderado rebeliões na Câmara, Cunha tenta se colocar como candidato “do tapete”, que tenta construir alianças de baixo para cima. Já contando com a oposição do Planalto, conquistar o apoio “no varejo” dos nanicos ganhou importância na sua estratégia para ser eleito. “Na composição do novo Congresso Nacional vai ser fundamental a capacidade de aglutinar”, avalia o deputado Leonardo Picciani (RJ), aliado próximo a Eduardo Cunha: “É fundamental ter esse diálogo para que eles se somem à candidatura do Eduardo". Cunha tem tentado se cacifar como uma alternativa capaz de valorizar a Câmara e prestigiar os deputados, discurso que deve fazer parte das negociações para atrair os nanicos. “Não adianta ter força na eleição e depois não ser prestigiado”, diz Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), outro articulador próximo ao líder peemedebista. “Se o PT não dá importância a um partido do tamanho do PMDB, imagine que importância dará aos demais partidos”, conclui. Um dos cotados a sair candidato pelo PT, o vice-presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (SP), concorda que os “nanicos” terão peso, mas pondera que ainda é preciso avaliar o grau de unidade que eles conseguirão formar entre si. Montar um bloco que dê força política aos dez menores partidos da Câmara também tem por objetivo formar um grupo que atue contra propostas de uma reforma política que possa criar barreiras para que as pequenas legendas tenham representação na Casa. Um dos pontos que os partidos nanicos não querem ver aprovados, por exemplo, é a cláusula de barreira, mecanismo pelo qual um partido que não alcançar determinado porcentual de votos não chega ao Parlamento. “É preciso discutir, mas sem barrar a existência dos pequenos partidos”, afirma o líder do PTdoB.
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