Miguel Rossetto, que já foi duas vezes ministro do Desenvolvimento Agrário, é cotado para o lugar de Gilberto Carvalho na Secretaria-Geral da Presidência da República. Parece que Dilma vai acatar a minha sugestão e pôr na rua o seu ministro da Confusão Institucional. Na semana passada, enquanto a presidente falava em um entendimento nacional, Carvalho pregava, na prática, a guerra com o que ele chama “mídia”. Sempre foi um procurador dos interesses de Lula no Planalto; nunca esteve a serviço de Dilma, que não gosta dele.
E olhem que Rossetto não é exatamente uma flor “no que se refere” a olores ideológicos. É ligado à Democracia Socialista, uma corrente de esquerda, de sotaque trotskista, que só aderiu ao PT em 1986. No mapa ideológico ao menos, está à esquerda do próprio Carvalho.
A questão, no fim das contas, nem é de ideologia, mas de disciplina. Carvalho se move sem pedir licença, fala o que lhe dá na telha e se comporta como se fosse chefe de Dilma. Afinal, ele é da turma que considera a autoridade do partido acima da autoridade do Estado e do governo. Se, no PT, ele é mais do que ela — e é —, então manda mais no país. Sem contar que é a voz, os braços, os olhos, os ouvidos e a língua de Lula no Palácio.
Se Dilma não puser Carvalho na rua, será muito difícil governar. E saiba, presidente: estamos falando do maior hortelão da República. Ninguém planta “notícias”, inclusive aquelas que Vossa Excelência não gosta de ler, com a habilidade deste misto de sacristão e tiranete. Se ele não cai, quem fica na corda bamba é Dilma. Se fica, passará os próximos quatro anos conspirando em favor da volta de Lula. Por Reinaldo Azevedo
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