Já tinham me falado que a presidente Dilma lê meu blog. Não acreditei. Pode ser… Será? Na quarta-feira à noite, publiquei aqui um texto em que se lia o seguinte:
“Se a presidente Dilma quer realmente dar uma demonstração de que está disposta a se comportar como chefe de Estado — daqui para a frente ao menos —, não como chefe de facção, comece por repudiar a resolução aprovada pela Executiva Nacional do PT, que é virulenta, rancorosa e autoritária. Se Dilma quer realmente uma conversa maiúscula, comece por censurar o seu partido, que associa a pauta de reformas, de forma confessa, à tentativa de criar a hegemonia política.” Segue imagem.
Eis que, no dia seguinte, ela diz o que segue a oito jornalistas de veículos impressos, segundo leio na Folha.
“Dilma foi questionada pela Folha sobre a beligerante resolução petista quando falava sobre suas promessas de diálogo com a oposição. “Eu não represento o PT. Represento a Presidência. A opinião do PT é a opinião do partido, não me influencia. Represento o país, não sou presidente do PT, sou presidente dos brasileiros.”
“Dilma foi questionada pela Folha sobre a beligerante resolução petista quando falava sobre suas promessas de diálogo com a oposição. “Eu não represento o PT. Represento a Presidência. A opinião do PT é a opinião do partido, não me influencia. Represento o país, não sou presidente do PT, sou presidente dos brasileiros.”
A resolução, aprovada pela Executiva Nacional do partido na segunda-feira (3), associou Aécio a “forças neoliberais” com nostalgia da ditadura militar, ao racismo e ao machismo. Para a presidente, é uma queixa partidária.”
Ah, não, represidenta, assim não! É muito pouco! Até porque o partido que associa os adversários ao mal — e que insinua, por óbvio, que não são oponentes políticos, mas inimigos do Brasil — vai constituir, obviamente, o núcleo duro do governo.
Há mais a dizer: o que vai na resolução do PT é, na prática, uma síntese da campanha petista, de que Dilma foi protagonista. Ou ela não afirmou que o oponente era adversário do salário mínimo e defensor de medidas amargas? Ou ela não insinuou mais de uma vez que o oponente desrespeitava as mulheres? De resto, não entendi a expressão “queixa partidária”. Queixa de quem? O PT, o vencedor, se queixa do vencido agredindo-o, é isso?
De resto, essas barbaridades nem são o elemento mais grave da resolução. O principal está em outro lugar — e, tudo indica, não se tratou do assunto na entrevista. No texto, o partido afirma que a reforma política é a oportunidade de uma “revolução cultural” para a construção da hegemonia política. Para quem conhece a teoria em que se ancora tal pretensão, o que se confessa ali é a tentação de eliminar os adversários ou cooptar as forças políticas, subordinando-os todos ao mesmo ente de razão.
O “não tenho nada com isso” de Dilma não tem lugar na política. Até porque, para governar, ela irá buscar os quadros do PT, não é?, com tudo o que ele representa: suas convicções, suas crenças, suas militância, seus horizontes. Se o partido emite uma resolução que agride os fundamentos da democracia e confessa tentações totalitárias, ou ela a repudia com clareza ou se torna sua procuradora.
Eu sou aborrecidamente lógico, e o discurso de Dilma é logicamente aborrecido. Uma chefe de Estado nas suas condições precisa de muito mais do que isso.
Não me convence, não me mobiliza, nem sequer me estimula. Dilma está pedindo que esqueçam a sua atuação na campanha. E ela atuou como o PT e o diabo gostam.
Não dá para esquecer. Por Reinaldo Azevedo
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