Pois é, pois é… Se ainda há oposicionistas que alimentam a ilusão de que algum acordo é possível com o PT, nem que seja de procedimento, podem tirar o cavalo da chuva — ou botar o burro na sombra, numa metáfora mais apropriada. Por que começo assim? Na semana passada, o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) aceitou fazer um acordo de procedimento com os governistas para não convocar políticos na CPMI da Petrobras, concentrando as convocações nas pessoas que exerceram cargos na estatal e subsidiárias. Não se tratou de nenhuma combinação escusa. É certo que a eventual convocação de nomões não resultaria em grande coisa, e seria razoável dar prioridade aos supostos operadores do esquema. Acontece que a boa-fé da oposição ficou solteira. De fato, os petistas e governistas em geral não querem convocar ninguém. Em mais uma manobra vexaminosa, esvaziaram a sessão e impediram a convocação de Sérgio Machado, presidente licenciado da Transpetro, e de Renato Duque, ex-diretor de Serviços. Paulo Roberto Costa acusa o primeiro de lhe ter repassado R$ 500 mil em propina. Tanto Costa como Youssef sustentam que Duque era o homem do PT na Petrobras — vale dizer: segundo sustenta a dupla, era ele que cuidava pessoalmente da propina amealhada pelo Partido dos Trabalhadores. Muito bem! O esvaziamento da comissão impediu a convocação de ambos. Acho que o deputado Carlos Sampaio aprendeu, na prática, que não existe acordo civilizado nessa área. Que todos os requerimentos sejam postos em votação. Se o governo não quer a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) e o ministro Paulo Bernardo (Comunicações) na comissão, que arque com o esforço de impedir a convocação. Não precisa contar com a ajuda da oposição, nem que seja de boa-fé. Reitero: na semana passada, os tucanos não participaram de nenhuma conspirata para impedir a convocação de políticos. Em tese, a decisão tomada era mesmo a mais racional. Mas aí há o joguete político. Da forma como a coisa chegou à opinião pública, ficou parecendo que todos se uniam para assar uma pizza. E a pizza, por óbvio, hoje, só interessa ao governo. Por Reinaldo Azevedo
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