Por Gabriel Castro, na VEJA.com: O candidato derrotado à Presidência pelo PSDB, Aécio Neves, retornou nesta terça-feira ao Congresso Nacional. Ele foi recebido com festa por militantes e parlamentares tucanos ao chegar ao Senado pela primeira vez desde o fim das eleições. Aos gritos de “Aécio, Aécio”, caminhou rumo à Casa seguido pelos militantes, que chegaram ao Congresso em três ônibus fretados. Cruzou a portaria do Parlamento e seguiu direto para o plenário. “O Brasil despertou. O Brasil hoje é um Brasil diferente do Brasil antes da eleição. Emergiu um novo Brasil, que quer ser protagonista do seu próprio futuro”, afirmou o tucano.
Em uma tumultuada entrevista concedida no Senado, o tucano disse que vai fazer uma oposição “sem adjetivos”. “Eu chego hoje ao Congresso Nacional para exercer o papel que me foi delegado por 51 milhões de brasileiros. Vou ser oposição sem adjetivos. Se quiserem dialogar, apresentem propostas que interessem aos brasileiros”, disse ele, que prosseguiu: “No mais, nós vamos cobrar eficiência da gestão púbica, transparência dos gastos públicos, vamos cobrar que as denúncias de corrupção sejam apuradas e investigadas em profundidade”.
Nos quatro primeiros anos de seu mandato no Senado, Aécio Neves evitou fazer parte da ala mais combativa do bloco PSDB-DEM, e apostava na chamada “oposição propositiva” – o que lhe rendeu críticas de aliados. A prometida “oposição sem adjetivos” acena com uma mudança de postura do tucano: “Eu vou estar aqui vigilante para que essa permanente tentativa de cerceamento das liberdades, em especial da liberdade de imprensa, sejam contidas".
Aécio Neves mandou um recado ao governo: “Quando o governo olhar para a oposição eu sugiro que não contabilize mais o número de assentos ou de cadeiras no Senado e na Câmara, olhe bem que vai encontrar mais de 50 milhões de brasileiros que vão estar vigilantes, cobrando atitudes desse governo”.
O tucano deu a entender que não aceitará tão cedo o diálogo proposto, de forma genérica, pela presidente Dilma Rousseff. “Esse governo, pela forma como agiu na campanha eleitoral, de forma absolutamente desrespeitosa com seus adversários, de forma absolutamente temerária em relação aos beneficiários de programas sociais permanentemente ameaçados de perdê-los se nós vencêssemos as eleições, não legitima o governo nesse instante para uma proposta de diálogo sem que o conteúdo dessas propostas seja conhecido por nós”, disse ele.
O tucano também parafraseou a ex-senadora Marina Silva: “Infelizmente, o governo da presidente Dilma venceu essas eleições perdendo. Eu, e aqui lembro Marina Silva, perdi essas eleições vencendo”. Sobre a auditoria pedida pelo PSDB ao Tribunal Superior Eleitoral, ele disse que é uma medida natural e que ele acredita na lisura dos ministros da corte. “Foi uma decisão do departamento jurídico da nossa coligação, o que eu respeito. Até porque é um direito de qualquer parte envolvida no processo eleitoral”, afirmou. “Nós não estamos querendo mudar o resultado da eleição”, disse ainda. Por Reinaldo Azevedo
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