Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência e segundo homem mais importante do PT — só perde para Lula —, é tido como um cristão. Sei… Poucas pessoas são capazes de semear o ódio com tanta determinação, embora diga falar em nome do amor. Ele é o chamado “interlocutor” do governo junto a movimentos sociais. Nas suas mãos, a questão indígena virou praça de guerra. Se vocês procurarem nos arquivos, vão encontrá-lo tentando faturar até com os “rolezinhos”, lembram-se? Para o ministro, tratava-se de uma reação de negros pobres contra os endinheirados. Quando começaram os protestos de junho do ano passado, ele esteve entre aqueles que tentaram jogar a fatura nas costas do governo de São Paulo. Deu tudo errado. Agora, em Pernambuco, o ministro se dedica a uma forma muito particular de difamação. Já chego lá.
Na segunda-feira, ele já havia reclamado que seus partidários estavam sendo chamados de “petralhas”, um termo que eu inventei, que funde “petistas” com “Irmãos Metralha”, aquela quadrilha que vivia tentando roubar o Tio Patinhas. Nem todo petista é “petralha”, só os que roubam o povo em nome do povo ou que tentam justificar o crime. Os descalabros da Petrobras falam por si. O pior, acreditem, é que a página do PT no Facebook associa a existência de petralhas — que, reitero, são ladrões; fui eu que criei a palavra — à retirada de pessoas da miséria. Pergunto: para fazer política social, é preciso roubar a Petrobras? Acho que não.
Mas vamos adiante. Nesta terça-feira, falando a trabalhadores rurais de Carpina, em Pernambuco, Carvalho se saiu com a seguinte enormidade: “Não se envergonhem quando vocês forem chamados de ladrões, porque não somos ladrões. Somos gente honrada, que faz política para mudar”.
Notem que o ministro começa falando “vocês” e termina falando “nós”, como se o governo e os trabalhadores formassem um grupo só. Ora, quem chama agricultores de “ladrões” no Brasil, Carvalho? A propósito, quem já os tratou como bandidos foi o senhor ministro. Sua pasta foi a responsável pela desocupação de uma região chamada Marãiwatséde, em Mato Grosso. Havia lá uma fazenda chamada Suiá-Missú, que abrigava, atenção, um povoado chamado Posto da Mata, distrito de São Félix do Araguaia, onde moravam 4 mil pessoas. O POVOADO FOI DESTRUÍDO. Nada ficou de pé, exceto uma igreja. Nem mesmo deixaram, então, as benfeitorias para os xavantes, que já são índios aculturados. Uma escola que atendia 600 crianças também foi demolida. Quem se encarregou da destruição? A Força Nacional de Segurança. Todo o processo de expulsão dos agricultores foi comandado por Carvalho. Vejam o vídeo:
Referindo-se a seus adversários políticos, Carvalho disparou: “Ladrões são eles. São ladrões institucionais. Não tenho medo deles. Sei que estou na política para mudar o país”. Bem, Carvalho não tem mesmo motivos para ter medo de ninguém. Recomendo é que as pessoas que ele tem como inimigas — eventualmente como amigas — tenham medo do ex-secretário de Celso Daniel.
O mais curioso é que esse discurso estava sendo feito na Fetape (Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Pernambuco). Trata-se de um órgão sindical. A Lei Eleitoral proíbe que entidades dessa natureza façam doações eleitorais estimáveis em dinheiro. Esses encontros, como é óbvio, podem, sim, ser estimados em dinheiro. Trata-se do uso de um aparelho sindical — que recebe, inclusive, parcela de um imposto — em benefício de um partido.
Mas Carvalho acha que “ladrões institucionais” são os outros.
Ah, sim: aquelas quatro mil pessoas que sua secretaria ajudou a expulsar de suas terras continuam a vagar Mato Grosso e país afora sem ter onde se ancorar. Por Reinaldo Azevedo
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