Terroristas do Estado Islâmico (EI) são vistos em morro onde bandeira do grupo foi hasteada, perto da cidade síria de Kobani, na fronteira com a Turquia (Aris Messinis/AFP)
Os terroristas do Estado Islâmico (EI) hastearam a bandeira preta do grupo em um monte nos arredores da cidade curda de Kobani, na Síria, e abriram caminho para tomar o controle da localidade. O avanço jihadista levou milhares de pessoas a fugirem para a fronteira com a Turquia. Uma autoridade local disse que a cidade “certamente cairia em breve”. Também confirmou que o EI dominou o estratégico monte Mistenur, que fica perto da cidade. Os ataques aéreos da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos não foram capazes de deter os terroristas, que conseguiram capturar dezenas de vilarejos curdos desde meados de setembro, mantendo Kobani sitiada. Até recentemente, a cidade mal havia sido atingida pela guerra civil que devasta a Síria há mais de três anos, e era tida como um refúgio para pessoas que fugiam de áreas onde o conflito era mais intenso. Essa situação, em grande parte, era resultado da decisão do regime de Bashar Assad de manter uma certa autonomia para a população curda do país. O avanço do EI – que Assad, aliás, não fez nada para conter – mudou o cenário. As decapitações, execuções em massa e torturas espalharam o medo na região e vilas inteiras ficaram às moscas. Estima-se que 180.000 moradores da região fugiram para a Turquia. Em um retrato desolador do horror que o EI representa, uma mulher curda que combatia os terroristas, mas ficou sem munição, preferiu explodir a si mesma do que ser levada pelo grupo. Testemunhas que fugiram de Kobani disseram que os jihadistas obrigam mulheres idosas a lançar granadas e jovens sem experiência nenhuma em combates recebem armas e são enviadas aos campos de batalha. “Se eles entrarem em Kobani, isso vai se transformar em um cemitério para nós e para eles. Não vamos deixar que tomem a cidade enquanto vivermos”, disse o chefe da defesa local, Esmat al-Sheikh: “Vamos vencer ou morrer. Vamos resistir até o fim”. O comandante de uma milícia curda advertiu, no entanto, que os terroristas têm armas muito mais eficazes que os combatentes. “Estamos lutando contra armas muito pesadas e não conseguimos grandes armas. Temos armamento limitado, mas eles têm grandes tanques, bombas”, disse Ismat Sheikh Hassan. “Precisamos de ajuda”. O primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, afirmou que a Turquia, inimiga de Assad, está disposta a enviar tropas para combater o Estado Islâmico na Síria, “se os outros fizerem sua parte”. “Estamos prontos para fazer tudo se houver uma estratégia clara para que, depois do EI, possamos ter certeza de que nossa fronteira estará protegida. Não queremos mais o regime empurrando pessoas para nossa fronteira. Não queremos outras organizações terroristas ativas por lá”, disse. O governo turco teria concordado em liberar 180 integrantes do EI em troca da libertação de mais de quarenta reféns turcos sequestrados em Mosul, no Iraque. Entre os extremistas liberados havia dois britânicos, dois franceses, dois suecos, dois macedônios, um suíço e um belga. Os jihadistas que foram trocados por reféns estariam sendo mantidos em hospitais e prisões na Turquia e também nas mãos de grupos rebeldes moderados na Síria.Nesta segunda-feira, os Estados Unidos anunciaram a detenção de um cidadão de 19 anos de idade no aeroporto de Chicago. Mohamed Hamzah Khan tentava deixar o país para se juntar ao EI no Iraque e na Síria. Ele havia chegado ao Aeroporto Internacional de O'Hare no sábado com passagens de ida e volta para Istambul. Agentes inspecionaram a casa do jovem e encontraram várias cartas escritas à mão nas quais ele expressava seu apoio ao grupo terrorista e falava sobre os planos de viagem. O jovem foi acusado de tentar fornecer apoio material a uma organização terrorista estrangeira, informou o Departamento de Justiça.
Nenhum comentário:
Postar um comentário