A Polícia Federal chegou à conclusão de que dois diretores do fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, a Petrus, receberam uma propina de R$ 500 mil para levar a instituição a fazer negócios com empresas do ex-deputado federal José Janene (PP-PR), que já morreu, e do doleiro Alberto Yousseff. O dano à Petros, segundo a PF, é de R$ 13 milhões. Sabem quem a PF diz ter intermediado a falcatrua? O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Alguém está surpreso?
Os fundos de pensão de estatais têm forte influência do partido. Só para lembrar: os três principais do país — além da Petros, a Funcef, da Caixa, e a Previ, do Banco do Brasil — somam um patrimônio de R$ 280 bilhões, que corresponde a quase a metade dos R$ 624 bilhões dos 250 fundos em operação no país. Em 2013, essas instituições tiveram um prejuízo de R$ 22 bilhões. Quando o rombo aparece em fundos de estatais, geralmente é o povo que paga o pato porque o Tesouro acaba entrando na brincadeira. Desses R$ 22 bilhões de buraco, R$ 5 bilhões são da Previ, R$ 4 bilhões, da Funcef, e R$ 3 bilhões, da Petros.
No computador de Youssef, há o registro de 12 transações com a Petros. Segundo a PF, a coisa toda foi negociada diretamente com o ex-presidente do fundo Luiz Carlos Fernandes Afonso, que ficou no cargo entre 2011 e 2014. Ele é filiado ao PT e foi posto lá pelo partido.
O partido perdeu, em eleições recentes, o comando dos três fundos, mas isso não quer dizer que tenha deixado de ter ingerência por lá. “Nos últimos anos, ficou patente o interesse do governo em viabilizar seus projetos em detrimento da rentabilidade da previdência”, afirmou em entrevista recente o novo diretor de administração da Funcef, Antônio Augusto de Miranda.
Os fundos de pensão foram largamente empregados no processo de privatização — assim, meus caros, a desestatização à brasileira foi feita, em larga medida, em benefício de servidores de estatais, que são os sócios dos fundos, certo? Como os petistas têm forte influência nesses entes, note-se: as privatizações, de que tanto reclamaram, eram de seu interesse. Mas sigamos. Uma coisa é mobilizar os fundos para atuar na compra de estatais; outra, diversa, é empregá-los para fazer falcatruas.
O ação da quadrilha na Petros, que está sendo investigada pela PF, não difere do que se fez no resto da administração pública. Volto aqui a um ponto de ontem: se e quando tivermos financiamento público de campanha, isso vai acabar? Não me parece. Canalhices como a apontada pela PF só nada têm a ver com campanhas eleitorais. São apenas obras de ladrões. Por Reinaldo Azevedo
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