terça-feira, 2 de setembro de 2014

PETISTAS QUEREM, AGORA, DE UM LADO, COLAR EM MARINA A PECHA DE "EVANGÉLICA ANTIGAY" E, DE OUTRO, DAR BENEFÍCIOS FISCAIS A....IGREJAS EVANGÉLICAS. É O DESESPERO!

Os petistas estão de tal sorte desorientados com Marina Silva que começam a bater cabeça e a tomar atitudes desencontradas. Não sabem mais o que fazer. A turma se prepara agora para tomar duas iniciativas: uma mais ligada ao âmbito da campanha e outra à do governo propriamente.

Como se viu e se comentou aqui, Marina Silva pediu uma correção do programa divulgado no capítulo que diz respeito aos direitos dos homossexuais, que a linguagem “militantemente correta” chama “GLBT”. A primeira versão falava em apoiar o casamento gay, o PLC 122, que criminaliza a homofobia, e uma outra proposta aloprada, dos deputados Jean Wyllys (PSOL-RJ) e Érika Kokay (PT-DF), que transforma o, digamos, sexo civil numa questão de opinião. Na prática, se o Jurandir, de pênis, barba e pelo no peito, disser que é mulher e se chama Kelley, o poder público tem de aceitar. E se ele decidir ser Jurandir de novo? Aí destroca. Com a autorização dos pais, até um menor de idade poderá escolher livremente a sua “identidade sexual”. É coisa de hospício.
Na nova versão, fala-se em dar consequência legal à igualdade da união civil entre homo e heterossexuais e ponto. E o resto que fique — como deve ser, aliás — para o Congresso. Luciana Genro, do PSOL, decidiu no debate de ontem pegar no pé de Marina com essa história, atribuindo a alteração do programa à religião da candidata do PSB, que é evangélica. Com adversários assim, só resta à ex-senadora erguer as mãos para o céu.
Tais causas estão longe de ser exatamente populares. De resto, o programa de Marina, reitere-se, contempla o apoio à chamada “comunidade GLTB”, abstendo-se apenas do proselitismo. Se existem defeitos na sua proposta — e os há, às pencas — não é esse. O tal PLC 122, por exemplo, é, sim, autoritário. Mas o PT sentiu que dá para fazer uma onda, contando com o apoio de um grupo muito organizado, que agora vai tentar ligar Marina à homofobia. É desespero de causa. Há quatro anos, fez-se o mesmo com o tucano José Serra. Os petistas insistem em fazer a história voltar para trás. Não sei, não… Tendo a achar que isso mais rende votos a Marina do que tira.
De um lado, então, o PT vai tentar colar em Marina a pecha de evangélica atrasada e inimiga dos gays. De outro, informa a Folha, “o governo elabora um conjunto de ações com medidas que incluem o atendimento a uma das principais bandeiras evangélicas no Congresso: o apoio à Lei Geral das Religiões”. Em que consiste?
O governo pretende “desengavetar um projeto, proposto em 2009 e há mais de um ano parado em uma comissão do Senado, para conceder diversos benefícios a instituições religiosas, entre eles tributários”. Isso faria parte de um “pacote anti-Marina”.
Deixem-me ver se entendi direito: o conjunto, então, das ações contra a candidata do PSB prevê demonizá-la como evangélica radical e antigay e, ao mesmo tempo, acenar a essa corrente religiosa com benefícios tributários. Sabem o nome disso? Desespero.
Em 2010, o PT, com o auxílio de amplos setores da imprensa, fez uma lambança danada para colar em Serra a pecha de adversário dos gays, o que era, para dizer pouco, uma canalhice quando se considera o seu trabalho como ministro da Saúde e como governador. Sem saída, os petistas insistem nessa tecla, roubando até o discurso de Luciana Genro… Longe das câmeras, suponho que Marina Silva gargalhe de vez em quando. Se acontecer, ela gargalha é do PT. Por Reinaldo Azevedo

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