No último dia 22 de setembro, em plena entrada da primavera, Videversus revelou que o petista Olívio Dutra, candidato do partido ao Senado Federal pelo Rio Grande do Sul, teve dois filhos com uma tupamara uruguaia que vivia em Porto Alegre no início da década de 80, e não registrou essas crianças até hoje. Em qualquer país civilizado do mundo essa notícia teria grande repercussão. Mas, no Rio Grande do Sul, foi recebida com um retumbante silêncio, especialmente dos veículos de comunicação da chamada grande imprensa, que se nega a tratar do assunto. Um político me parou na rua, jornalista Vitor Vieira, editor de Videversus, para dizer, de maneira brusca e sem qualquer sofisticação: "Por que estás mexendo nesse assunto? É uma questão da vida privada. Além disso, seria pior se ele fosse puto". O questionamento já deixa evidente o que vai na cabeça ao menos de
uma significativa parcela da população gaúcha. Mas, o assunto não é tão simples assim. A paternidade não assumida de Olívio Dutra dos jovens uruguaios Ana Ines Abelenda Buzo e Rodrigo Alberto Abelenda Buzo não se circunscreve a assunto exclusivo da esfera privada dos envolvidos. Esse assunto envolve uma figura conhecida da política do Rio Grande do Sul e do País. Envolve político que concorreu ao governo do Estado, à prefeitura, que foi deputado constituinte, governador do Estado e ministro de Estado, e sempre escondeu do público esta parte de sua vida, mantida secreta. Já como figura pública, o que acontece com sua vida é de interesse público. Mas, especialmente o assunto é de interesse público uma vez que o petista Olívio Dutra, em atos de campanha, como no debate ocorrido na rádio e televisão Bandeirantes, referiu expressamente o seu envolvimento na defesa das políticas de proteção da mulher e da criança. Ora, assim sendo, o que faz o petista Olívio Dutra nesse campo é de altíssimo interesse público. Quer dizer que é permitido a um suposto defensor de políticas de proteção da mulher e das crianças negar a uma mulher, com a qual teve tórrido envolvimento, o direito de registro de um filho? Quer dizer que o suposto defensor de políticas de proteção da mulher
das crianças tem um alvará para negar a paternidade a uma menina e um menino por que é petista? Que tipo de coerência é essa? O eleitor tem todo o direito de examinar o caráter de um político que pretende representá-lo, como o petista Olívio Dutra, no Senado Federal. E mais, o eleitor tem o direito de saber o que tem a dizer sobre o assunto a figura do político Olívio Dutra. Por esse motivo, Videversus encaminhou perguntas sobre o caso ao petista Olívio Dutra por meio da sua página de campanha no Facebook. As perguntas, feitas antes da publicação da matéria que revelou as paternidades renegadas até hoje (perguntas enviadas no dia 18 de setembro), não foram respondidas até agora, e foram as seguintes: "Sr. Olívio Dutra: como jornalista e editor do site/blog Videversus, solicito sua atenção para os questionamentos a seguir: 1) no início da década de 80, o Sr. conheceu em Porto Alegre a militante tupamara uruguaia Ines Graciela Abelenda Buzo? 2) o Sr. entreteve uma relação amorosa com a tupamara uruguaia Ines Graciela Abelenda Buzo? 3) como resultado dessa relação amorosa nasceu no dia 5 de abril de 1983 a menina Ana Ines Abelenda Buzo, registrada no dia 25 de abril, no cartório da 4ª zona, localizada na Av. Oswaldo Aranha, sem registro de
paternidade; 4) no dia 9 de outubro de 1984, nasceu Rodrigo Alberto Abelenda Buzo, também fruto dessa relação, registrado apenas pela sua mãe no dia 18 de outubro de 1984, no mesmo 4º Cartório de Registro Civil da 4ª Zona, em Porto Alegre, localizado na Avenida Oswaldo Aranha; 5) por que o Sr. não registrou a paternidade destas duas crianças? No aguardo de suas informações. Att. jornalista Vitor Vieira". Nesse mesmo dia 18 de setembro, o jornalista Vitor Vieira, editor de Videversus, enviou questionamento também para a jovem Ana Abelenda, com o seguinte teor: "Prezada Ana, sou jornalista no Rio Grande do Sul e recebi informações e documentos que dizem respeito à sua vida. Você nasceu em Porto Alegre em 1983? Você foi registrada no cartório da Av. Oswaldo Aranha, na capital gaúcha, 25 dias após o seu nascimento, sem nome de pai. Você tem idéia de quem seja o seu pai? Vejo que você trabalha em uma organização internacional de direitos da mulher. Não é um desses direitos o de ter reconhecida a sua paternidade? Abs". Também neste caso não houve resposta. Igualmente no mesmo dia 18 de setembro foi enviado um questionamento ao jovem Rodrigo Alberto Abelenda Buzo, com o seguinte teor: "Prezado Rodrigo, sou jornalista no Rio Grande do Sul. Preciso de informações sobre você. Seu nascimento ocorreu em Porto Alegre, em 1984? Você é filho de Ines Abelenda? Sua certidão de nascimento consta sem pai? Você sabe quem é seu pai? Abs". Também no houve resposta. E, por último, foi enviado no mesmo dia uma mensagem à mãe dos jovens, Ines Graciela Abelenda Buzo,
com o seguinte teor: "Boa noite, Sra. Ines Abelenda. Sou jornalista no Rio Grande do Sul e recebi informações que envolvem a Sra. e seus filhos. Por isso pergunto: 1) a Sra. morou a partir de 1982 em Porto Alegre?; 2) seus filhos nasceram em Porto Alegre, em 1983 e 1984, primeiro a menina e depois o menino?; 3) seus filhos permanecem até hoje como filhos de pai desconhecido?" Ninguém deu retorno aos questionamentos. Curiosamente, a filha não reconhecida por Olívio Dutra, a uruguaia Ana Ines Abelenda Buzo, trabalha em uma ong internacional, chamada AWID, dedicada a políticas de desenvolvimento dos direitos da mulher. E esteve recentemente, em Acra (Gana), na África, desenvolvendo trabalho nesse sentido. Mas, ela própria não desenvolveu o seu direito de reconhecimento de paternidade até hoje, segue sendo alguém sem pai, sem nome de pai, alguém com história pessoal incompleta, alguém com um pedaço de passado desconhecido. Os políticos de esquerda costumam se jogar com grande afã nos projetos de recuperação do passado, de descoberta de filhos roubados por ditaduras, em comissões da verdade e situações similares. Mas, não buscam esclarecer sobre os próprios filhos que não reconhecem. Esse é o caráter. Não deixa de ser uma tremenda ironia, no mínimo. E jornalistas na grande imprensa que se recusam a tratar do assunto nada mais revelam do que seu atrelamento petista. Como se vê, o assunto não é de só de interesse privado. O assunto é, e muito, de interesse público. Alto interesse público. Afinal, é totalmente duvidoso que alguém esteja disposto a votar em outro alguém desprovido de caráter.
2 comentários:
De acordo com a legislação brasileira, a paternidade pode ser reconhecida com as presenças do pai e da mãe da criança para registro de nascimento no Cartório de Registros Civis ou através de ação judicial, quando voluntariamente o pai ou a mãe se negarem ao registro voluntário, mediante investigações de comparação sanguínea ou de DNA do filho(a) e dos supostos pais.
Como os principais interessados e envolvidos não trataram deste assunto só restam especulações pois nem o Estado, nem o MP, nem a imprensa tem legitimidade para propor este tipo de ação.
Sr. Jornalista. Mas tu és muito fofoqueiro e intrigueiro. Se mete na vida dos outros sem a maior cerimônia. Que situação lamentável! Foi a mãe das crianças que foi reclamar contigo? Intrigueiro...
Postar um comentário