domingo, 28 de setembro de 2014
Governo do Rio de Janeiro beneficia empresas de sócio de líderes do PMDB
A íntima amizade entre o empresário Mario Peixoto, um dos maiores prestadores de serviços do Rio de Janeiro, com os dois principais líderes do PMDB no Estado – Paulo Melo, o presidente da Assembleia Legislativa, e Jorge Picciani, presidente do PMDB fluminense – vai muito além da esfera privada. O site de VEJA revelou que o empresário, de quem Picciani e Mello são sócios e padrinhos de casamento, acumulou 480 milhões de reais em contratos com o governo do Estado. Em novo levantamento junto ao Portal da Transparência do Rio de Janeiro, VEJA descobriu mais 31 milhões em contratos de uma empresa registrada em nome do filho e de um irmão de Peixoto, a Marton Hubell Engenharia, com o governo de Sérgio Cabral, também do PMDB. Desse total, 4,2 milhões de reais foram feitos pela Secretaria de Habitação, da qual o titular era o filho do presidente do PMDB, o deputado federal Leonardo Picciani. Com o novo levantamento, somam cinco as empresas de Peixoto beneficiadas por contratos com o governo do Estado, e o volume de recursos passou de 480 para 511 milhões de reais. A relação de Picciani e Peixoto é antiga. Segundo o próprio empresário, eles se conheceram e se tornaram amigos numa campanha eleitoral, na década de 90. Em 2009, compraram juntos um terreno em Búzios, na região dos Lagos, e formaram uma incorporadora imobiliária chamada Vila Toscana para construir ali um empreendimento. Nos registros da junta comercial, os Picciani -- pai e filhos -- aparecem como sócios na Vila Toscana por meio de uma agropecuária, a Agrobilara. Como o projeto não andou, a incorporadora de Búzios ficou existindo só no papel. Os dois continuaram próximos, tanto que Picciani convidou o empresário para ser padrinho do seu segundo casamento, em 10 de maio passado, com a jornalista Hortencia Silva Oliveira. Peixoto retribuiu a gentileza convidando Picciani para abençoar suas bodas com a mulher Carla Verônica Medeiros num castelo do século XV na cidade italiana de Bracciano, na Itália, realizado duas semanas depois. No altar, estava também o presidente da assembleia, Paulo Melo. A Marton Hubell, que funciona numa sala apertada com dois empregados em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, começou a prestar serviços para o governo estadual em 2008, um ano depois do início da gestão peemedebista. O primeiro contrato com a secretaria de Habitação foi firmado no Natal daquele ano, poucos dias antes de Leonardo Picciani assumir o comando da pasta. O objetivo era realizar obras de infraestrutura em unidades habitacionais no município de Piraí, no sul do Estado, reduto de Luiz Fernando Pezão, então vice-governador e atual candidato à reeleição. Entre novembro de 2010 e janeiro de 2011, enquanto Leonardo era secretário, outros contratos vieram, dentre os quais o mais robusto era de 2,7 milhões para construir unidades habitacionais em Volta Redonda, vizinha a Piraí. Leonardo deixou a secretaria no final de 2011. Em seu lugar assumiu o irmão, Rafael. Mas não era só na Habitação que a Marton Hubell tinha boa entrada. Dos 31 milhões de reais que a empresa conseguiu em contratos, 14,1 milhões saíram da secretaria de Obras, administrada por Pezão. O maior deles, para a reurbanização de um bairro em Mesquita, também na Baixada Fluminense, tinha custo de 11,3 milhões. Os outros 13 milhões de reais vieram secretaria de Educação.
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