Em sua maior alta em 10 meses, dólar vai a R$ 2,43
O dólar subiu quase 2% e encostou em 2,43 reais nesta quinta-feira, turbinado por expectativas sobre o futuro das políticas monetárias dos Estados Unidos e da Europa e por preocupações sobre as eleições no Brasil. Investidores compravam a moeda norte-americana em busca de proteção cambial antes da divulgação de novas pesquisas eleitorais nesta semana. Além disso, muitos testavam a tolerância do Banco Central à recente pressão no câmbio. Quando mais o dólar subir, maior tende a ser seu impacto na inflação. O dólar avançou 1,95%, a 2,4299 reais na venda, após bater 2,4312 reais na máxima do dia, maior nível desde 13 de fevereiro. A alta desta sessão foi a maior desde 5 de novembro de 2013, quando a divisa avançou 1,98%. No Exterior, o dólar chegou a bater a máxima em quatro anos contra uma cesta de divisas. Entre os emergentes, o dólar também tinha forte alta contra moedas como o peso mexicano e o rand sul-africano. Investidores mantêm a expectativa de que a política monetária da Europa se tornará mais expansionista, ou seja, com juros próximos de zero. Já no caso dos Estados Unidos, a promessa é de que a taxa de juros avance, o que tornará os títulos do tesouro americano, que são atrelados aos juros, mais rentáveis. A expectativa é de que, em busca de melhores rendimentos, investidores tirem seu capital de outros mercados para depositá-los nos Estados Unidos, o que impacta diretamente a cotação da moeda americana. "Há um movimento generalizado de alta do dólar que está respingando aqui", afirmou o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, lembrando que o mercado há tempos vem se ajustando para alta nos juros nos Estados Unidos no próximo ano. No Brasil, a pressão externa vem junto com incertezas sobre as eleições presidenciais de outubro. A atual presidente Dilma Rousseff (PT), cuja condução da política econômica é alvo de críticas nos mercados, tem ganhado força nas últimas pesquisas de intenção de voto e encostado em sua rival Marina Silva (PSB) em um esperado segundo turno das eleições. Segundo analistas, investidores compravam dólares para se proteger da possibilidade de que Dilma avance ainda mais nas próximas pesquisas eleitorais. O próximo levantamento do Datafolha deve ser divulgado ainda nesta semana. "Nosso cenário local, aos olhos do mercado, é muito ruim. Qualquer espirro lá fora se torna uma enchente aqui, e hoje a pressão no mercado internacional é bem mais forte que um espirro", afirmou o especialista em câmbio da corretora Icap, Italo Abucater. Numa tentativa de conter a alta do dólar, o Banco Central aumentou suas intervenções no câmbio nesta semana, ampliando os leilões de swaps cambiais, que consiste na venda de dólares no mercado futuro. Isso levou investidores a avaliar que o Banco Central quer evitar cotações acima de 2,40 reais por medo de impactos inflacionários. "Entende-se que o Banco Central entra em estado de alerta quando o dólar chega nesse patamar", afirmou o superintendente de câmbio da corretora Intercam, Jaime Ferreira. A ação do Banco Central levou o dólar a cair quase 1% na quarta-feira. Nesta sessão, no entanto, investidores elevaram as cotações da moeda para testar a disposição do Banco Central em defender o real.
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