As pesquisas eleitorais mostram que o PT terá uma eleição difícil: o partido não tem uma vantagem clara na disputa presidencial e é quase certo que a sigla elegerá menos do que os cinco governadores que emplacou em 2010. Mas, na máquina de arrecadação, os petistas ainda têm uma vantagem enorme. O PT recebeu 29% das doações eleitorais até agora, o que equivale à soma dos recursos recebidos por PMDB e PSDB. Os dados são de um levantamento da ONG Transparência Brasil considerando os quinze maiores doadores da campanha.
Os candidatos do PT obtiveram 135 milhões de reais dos principais doadores, seguidos pelos representantes de PMDB (72 milhões de reais), PSDB (66 milhões de reais) e PSB (36,5 milhões de reais). Os petistas também têm uma vantagem semelhante quando analisadas as contribuições das cinco empreiteiras que mais doaram até agora: OAS, Andrade Gutierrez, UTC Engenharia, Odebrecht e Queiroz Galvão.
A OAS e a Andrade Gutierrez destinaram ao PT cerca de metade de suas doações. A Odebrecht se equilibrou entre PT e PSDB. A Queiroz Galvão dividiu de forma semelhante as doações entre PT, PSDB e PMDB, deixando o PSB com um quinhão menor.
A maior doadora até agora foi a JBS Friboi, que doou ao todo 120, 5 milhões de reais. Depois aparecem a OAS, que contribuiu com 79,9 milhões de reais, a Vale, com 41,8 milhões de reais, a Andrade Gutierrez, que doou 35,9 milhões de reais, e a UTC Engenharia, com 29, 5 milhões de reais.
A análise dos métodos usados por grandes doadores permite identificar algumas diferenças. O Itaú, por exemplo, doa apenas para os candidatos, e não para os comitês partidários. Já o Grupo JBS opta por um método mais complexo: o repasse aos comitês, que redistribuem os recursos aos candidatos. A empresa repassou 5 milhões de reais ao PMDB de Mato Grosso do Sul. De lá, 1,7 milhão de reais foi para a candidata Simone Tebet, que disputa o Senado, e 3,3 milhões de reais para Nelson Trad Filho, candidato ao Senado. A partir daí é que os dois comitês repassaram o dinheiro aos candidatos a deputado federal e deputado estadual.
As regras eleitorais também permitem que a doação para um partido também pode acabar beneficiando integrantes de outra legenda, muitas vezes distante ideologicamente da primeira. A mineradora ArcelorMittal entregou 1,2 milhão de reais à direção do PSD de Santa Catarina. Desse total, o partido repassou 200.000 reais ao PCdoB, que é seu aliado no Estado; desse montante, 119.000 reais foram distribuídos a quatro candidatos comunistas a deputado estadual.
O levantamento da Transparência Brasil também concluiu que os 168 candidatos a governador ficaram com 34% do total doado, contra 27% dos presidenciáveis (que são apenas onze).
Os quinze maiores doadores financiam majoritariamente homens brancos com curso superior completo, um perfil que coincide com o dos candidatos tidos como mais competitivos. Os brancos são 55% dos postulantes a um cargo eletivo, e ficaram com 82 % das doações. Os negros obtiveram apenas 17% dos recursos, embora sejam 44% dos candidatos.
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