Pois é… Em quatro dias, caiu quatro pontos a diferença entre os candidatos Aécio Neves, do PSDB, e Marina Silva, do PSB, que disputam uma das vagas no segundo turno da eleição presidencial. No levantamento feito pelo Datafolha nos dias 25 e 26, a diferença a favor da peessebista era de 9 pontos: 27% a 18%; agora, na pesquisa feita na segunda-feira e nesta terça-feira, é de apenas 5: 25% a 20%. Como a margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos, vejam que curioso: qualquer distância entre 1 ponto (23% a 22%) e 9 pontos (27% a 18%) está no intervalo possível. Mas é improvável que ela se situe num extremo ou noutro. Se a velocidade da possível queda de Marina Silva se mantiver constante e a da possível ascensão de Aécio Neves também, pode ser o tucano a disputar a etapa final com a petista.
Os demais candidatos somaram apenas dois pontos. Dizem que votarão em branco ou nulo 5% dos entrevistados, mesmo percentual do que pretendem anular o voto. O Datafolha ouviu 7.520 entrevistados em 311 municípios. Vejam o gráfico publicado pelo Portal G1.
Em duas semanas, a diferença entre Marina Silva e Aécio Neves caiu 8 pontos: de 30% a 17% para 25% a 20%. Dilma, nesse período, variou na margem de erro: de 37% para 40%. Tudo indica que a hipótese que chegou a ser aventada há dois dias não vai se confirmando: havia quem visse a possibilidade de Dilma levar a disputa ainda no primeiro turno. A novidade da pesquisa do Datafolha é a possibilidade de uma troca de posições no segundo lugar. Observem que a situação de agora é muito parecida com a de 14 e 15 de agosto, antes do início do horário eleitoral.
Quando se vêem os números do segundo turno, Aécio Neves e Marina Silva parecem estar em tendências opostas.
Ainda que discreta em 15 dias, há uma tendência de diminuição da diferença entre Dilma e Aécio Neves: era de 10 pontos (49% a 39%); agora é de nove (50% a 41%), dentro da margem de erro. Ocorre que, na disputa com Marina Silva, a vantagem da petista aumentou substancialmente: a ex-senadora aparecia na frente, com 46% a 44%; agora, está atrás: 41% a 49% — a candidata do PT subiu 5 pontos, e a do PSB caiu 5 — uma variação de 10 pontos contra a peessebista. De novo, a variação na comparação com os dados anteriores ao início do horário eleitoral indica pouca mudança.
Uma coisa, no entanto, sofreu forte alteração. A campanha negativa contra Marina Silva surtiu, sim, efeito, e ela e seus estrategistas não conseguiram, até agora, furar o cerco. Vejam este gráfico do G1 com a rejeição aos candidatos.
Dilma segue na liderança e variou pouco em um mês e meio: de 34% pra 31%, dentro da margem de erro. Isso indica que conquistou indecisos ou pessoas que iriam anular o voto, mas conseguiu mudar a opinião de bem pouca gente. Já a rejeição a Marina Silva, no período, cresceu 127%, indo de 11% para 25%; Aécio Neves foi de 18% para 23%. Finalmente, a avaliação do governo Dilma variou dentro da margem de erro em dois dias: os que acham o governo ruim ou péssimo foram de 22% para 23%; os que o consideram bom ou ótimo, de 37% para 39%, e a turma que o avalia como regular oscilou de 39% para 37%. Os números são os mesmos de antes do início do horário eleitoral.
Há um dado curioso nessa história toda: até agora, a campanha odienta do PT na televisão, vistos os números, não diminuiu substancialmente a rejeição a Dilma, não alterou quase nada o número dos que querem votar nela nem mudou a avaliação sobre o seu governo. Mas fez um estrago e tanto em Marina Silva e contribuiu bastante para dificultar a ascensão de Aécio Neves.
Não deixa de ser o retrato desta disputa: o PT não veio para construir, mudar ou renovar. Veio para destruir. Não tem mais como falar bem de si mesmo. Restou-lhe apenas o papel de achincalhar os adversários. Por Reinaldo Azevedo
Nenhum comentário:
Postar um comentário