A edição desta sexta-feira da Folha de S. Paulo traz a mais recente pesquisa presidencial feita pelo Datafolha. O instituto ouviu 5.340 pessoas nos dias 17 e 18 em 265 municípios. A pesquisa tem margem de erro de dois pontos para mais ou para menos e está registrada no TSE sob o número BR 665/2014. Alguma divergência substancial em relação ao que registrou o Ibope na terça-feira, com levantamentos feitos entre os dias 13 e 15? A resposta é negativa. E que fique claro: não estou comparando pesquisas de institutos diferentes, mas apenas partindo do princípio de que ambos espelham a realidade. Para números que apontam para o mesmo lugar, a mesma análise: Marina Silva, do PSB, mostra resistência impressionante ao massacre petista. Vejam o primeiro turno.
Se a eleição fosse hoje, segundo o Datafolha, a petista Dilma Rousseff teria 37% dos votos, contra 30% de Marina e 17% do tucano Aécio Neves. No Ibope de dois dias antes, esses números eram, respectivamente, 37%, 30% e 19%. Em ambos os institutos, 7% não sabem, e 6% dizem que votarão nulo ou em branco.
Primeiro turno do Ibope
Quando se olha a curva do Datafolha, pode-se ter a impressão de que Dilma está numa ascensão meteórica, e Marina numa queda brutal. Pois é… Há um mês, quatro dias antes do início do horário eleitoral, a petista tinha 36%; agora, tem 37%. A peessebista tinha 21%; agora, 30%. Aécio tinha 20% e aparece com 17%. Podemos dizer isso de outro jeito: desde a queda do avião que conduzia Eduardo Campos, é agora que Dilma obtém a sua melhor marca: 37%. Acontece que a sua pior era 34% — a oscilação está na margem de erro. Marina, nesse período, tem agora o seu pior desempenho: 30% — mas o seu melhor era apenas 34%.
Segundo o Datafolha, Aécio pode ter recuperado eleitores que tinham migrado para Marina já no primeiro turno. Quando olhamos o desempenho por região, isso fica mais claro. Vejam.
Dilma conserva no Sudeste os mesmos 28% de duas pesquisas anteriores. Marina, no entanto, teve uma oscilação negativa de quatro pontos na região com o maior eleitorado: no dia 1º de setembro, tinha 37%; agora, está com 33%. Aécio foi de 18% para 20%. No Sul, a petista se mantém estacionada em 35%, mas a peessebista caiu 5 em duas semanas: de 30% para 25%. Já o tucano subiu 6 pontos: de 16% para 22%. No Nordeste, a candidata do PT segue estável, com 49%; a do PSB se mantém nos 32%, e o do PSDB variou de 5% para 8%. A Região Norte, com o menor eleitorado, é a que verifica as maiores mudanças em 15 dias: Dilma subiu de 38% para 49%; Marina oscilou de 32% para 28%, e Aécio caiu de 14% para 9%.
Segundo turno
É no segundo turno que se registram as maiores diferenças entre os dois institutos: de números, não de distância. Segundo o Datafolha, Marina e Dilma estão empatadas, com a peessebista na dianteira numérica em ambos: 46% a 44% no Datafolha e 43% a 40% no Ibope. Os dois institutos divergem mais na hipótese de a petista disputar a etapa final com os tucanos: 49% a 39% para ela no Datafolha e 44% a 37% no Ibope.
É no segundo turno que se registram as maiores diferenças entre os dois institutos: de números, não de distância. Segundo o Datafolha, Marina e Dilma estão empatadas, com a peessebista na dianteira numérica em ambos: 46% a 44% no Datafolha e 43% a 40% no Ibope. Os dois institutos divergem mais na hipótese de a petista disputar a etapa final com os tucanos: 49% a 39% para ela no Datafolha e 44% a 37% no Ibope.
RejeiçãoVejam a evolução da rejeição dos candidatos. Aqueles que não votam em Dilma de jeito nenhum continuam no mesmo patamar desde julho. O latifúndio que o PT detém no horário eleitoral não trouxe votos para Dilma até agora — afinal, a petista tinha 36% das intenções de voto antes de ele começar e está agora com 37% — e também não contribuiu para baixar a sua rejeição: era de 35% e está em 33% — variação dentro da margem de erro. Nesse quesito, Marina teve uma aparente má notícia: era rejeitada por 11% na pesquisa de 15 de agosto, e o índice saltou agora para 22%. Ocorre que ela tinha 21% dos votos e agora tem 30% — tornou-se mais conhecida e, pois, mais rejeitada.
Conclusão
Na pesquisa Ibope, em uma semana, Dilma deu uma pequena murchada; no Datafolha, seguiu no mesmo lugar. Nos dois institutos, há uma recuperação de Aécio: no Ibope, há uma indicação de que ele pode tirar votos da petista; no Datafolha, a migração viria do eleitorado de Marina.
Na pesquisa Ibope, em uma semana, Dilma deu uma pequena murchada; no Datafolha, seguiu no mesmo lugar. Nos dois institutos, há uma recuperação de Aécio: no Ibope, há uma indicação de que ele pode tirar votos da petista; no Datafolha, a migração viria do eleitorado de Marina.
De todo modo, a pancadaria que o PT promoveu contra Marina, com lances explícitos de baixaria, não conseguiu tirá-la do jogo. Hoje, os números indicam que as candidatas do PT e do PSB disputarão o segundo turno. Até agora, o tempo gigantesco de que dispõe a presidente-candidata não pôde fazer nada por ela (olhem os gráficos; a propaganda começou no dia 19, exatamente há um mês): nem aumentou a sua votação nem diminuiu a sua rejeição. Qualquer um que dispute com a petista a etapa final terá, finalmente, tempo para confrontá-la. Por Reinaldo Azevedo
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