O Jornal Nacional levou ao ar, na noite de ontem, 18 de setembro, reportagem informando que, no curso da delação premiada que faz, Paulo Roberto Costa revelou ter levado R$ 1,5 milhão de propina pela compra da refinaria de Pasadena. Reportagem da VEJA que veio a público no dia 6 deste mês já trazia a informação de que, segundo o engenheiro, a compra havia sido fraudulenta. Segundo o TCU, o prejuízo da Petrobras com a operação foi de US$ 792 milhões. A novidade agora é o valor da bolada embolsada pelo engenheiro, que está preso.
Entre 2004 e 2012, Costa foi diretor de Abastecimento e Refino da Petrobras. Ocupou, portanto, esse cargo, em sete dos oito anos do governo Lula e em quase dois do governo Dilma. Ao longo desse tempo, comandou o que pode ser chamado de “Petrolão” — ou o mensalão da Petrobras. As empreiteiras que faziam negócio com a estatal pagavam propina ao esquema e o dinheiro era repassado a políticos. A quais? Paulo Roberto já entregou à Polícia Federal e ao Ministério Público, num acordo de delação premiada, os nomes de três governadores, de um ministro de estado, de um ex-ministro, de seis senadores, de 25 deputados e de um secretário de finanças de um partido. Segundo o engenheiro, Lula sempre soube de tudo. E, até onde se pode perceber por seu depoimento, talvez a presidente Dilma — que era a chefona da área de energia do governo Lula e presidente do Conselho da Petrobras — não vivesse na ignorância.
VEJA teve acesso a parte do depoimento de Paulo Roberto e trouxe, na reportagem do dia 6, alguns dos políticos citados. Entre eles, estão cabeças coroadas da política brasileira, como o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, que morreu num acidente aéreo no dia 13 de agosto, a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), e Sérgio Cabral, ex-governador do Rio (PMDB). Paulo Roberto acusa ainda Edison Lobão, atual ministro das Minas e Energia, e atinge o coração do Congresso: o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e o do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
PT, PMDB e PP seriam os três beneficiários do esquema, que teria também como contemplados os senadores Ciro Nogueira (PP-PI) e Romero Jucá (PMDB-RR), e os deputados João Pizzolatti (PP-SC) e Cândido Vaccarezza (PT-SP), que já havia aparecido como um dos políticos envolvidos com o doleiro Alberto Youssef, que era quem viabilizava as operações de distribuição de dinheiro. O secretário de finanças do PT, João Vaccari Neto, está no grupo, segundo Paulo Roberto.
Pensem um pouco: na compra de Pasadena, Paulo Roberto era peixe pequeno. Mesmo assim, diz ter levado R$ 1,5 milhão. Imaginem quanto não levaram os tubarões. Por Reinaldo Azevedo
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