quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Combatentes do Estado Islâmico avançam na Síria mesmo com ataques dos Estados Unidos

Aviões dos Estados Unidos atacaram posições do Estado Islâmico na Síria pelo segundo dia nesta quarta-feira, mas os ataques não contiveram o avanço dos combatentes em uma área curda onde refugiados que deixavam a região disseram que vilas estavam sendo queimadas e reféns estavam sendo decapitados. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, falando na sede das Nações Unidas, pediu que o mundo se juntasse para combater os militantes e prometeu manter pressão militar sobre o grupo. "A única língua compreendida por assassinos como eles é a da força, então os Estados Unidos irão trabalhar com uma coalizão ampla para desmontar essa rede da morte", disse Obama em um discurso de 40 minutos na Assembléia-Geral da ONU. O primeiro-ministro britânico, David Cameron, pediu novamente que o Parlamento vote nesta sexta-feira sobre a decisão de se juntar aos Estados Unidos nos ataques aéreos. Cameron disse em seu pronunciamento na ONU que uma estratégia abrangente era necessária para combater o Estado Islâmico. "Nossa estratégia deve funcionar guiada pelos Estados árabes, sempre em apoio à população local, alinhada às nossas obrigações legais e como parte de um plano que envolva a nossa assistência, a nossa diplomacia e, sim, nossas Forças Armadas", disse Cameron na ONU. "Precisamos agir e precisamos agir agora", disse. Os curdos da Síria disseram que o Estado Islâmico respondeu aos ataques dos Estados Unidos intensificando seu ataque na região fronteiriça com a Turquia no norte da Síria, onde 140 mil civis fugiram nos últimos dias no movimento de êxodo mais rápido da guerra que já dura três anos. Washington e seus aliados árabes mataram dezenas de combatentes do Estado Islâmico nas primeiras 24 horas de ataques aéreos, a primeira ação militar direta dos Estados Unidos na Síria duas semanas depois que Obama se comprometeu a atacar o grupo dos dois lados da fronteira entre Iraque e Síria. Entretanto, o avanço do grupo na cidade de Kobani mostrou a dificuldade que Washington enfrenta para derrotar os combatentes islâmicos na Síria, onde carece de aliados militares fortes atuando por terra. "Esses ataques aéreos não são importantes. Precisamos de soldados no chão", disse Hamed, um refugiado que fugiu do Estado Islâmico e foi para a Turquia. Mazlum Bergaden, um professor de Kobani que cruzou a fronteira nesta quarta-feira com sua família, disse que dois de seus irmãos haviam sido capturados por soldados do Estado Islâmico. "A situação é muito ruim. Depois que eles matam pessoas, eles estão queimando as vilas... quando eles capturam uma vila, eles decapitam uma pessoa para assustar as demais", disse: "Eles estão tentando erradicar a nossa cultura e expurgar a nossa nação". A luta entre militantes do Estado Islâmico e os curdos podia ser vista do outro lado da fronteira com a Turquia, onde os sons esporádicos dos disparos de artilharia ecoavam pelas montanhas. Os primeiros dias de ataques dos Estados Unidos sugerem que um dos objetivos é prejudicar as habilidades do Estado Islâmico em operar na fronteira entre Iraque e Síria. Na quarta-feira, as forças lideradas pelos Estados Unidos atacaram pelo menos 13 alvos em Abu Kamal e na região, uma das principais travessias de fronteira entre Iraque e Síria, depois de ter atingido 22 alvos na terça-feira, disse o Observatório da Síria para Direitos Humanos.

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