quarta-feira, 17 de setembro de 2014
Alemão de 93 anos era responsável pela triagem de objetos roubados das vítimas transportadas para o campo de concentração
O Ministério Público da Alemanha denunciou um homem de 93 anos como cúmplice no assassinato de 300.000 pessoas durante o período em que serviu como guarda no campo de concentração de Auschwitz. Oskar Gröning, ex-membro da SS, trabalhou no campo entre 1942 e 1944, mas os promotores decidiram concentrar as acusações nas atividades que ele cumpriu entre maio e julho de 1944. À época, sua função era separar objetos valiosos entre os pertences roubados das pessoas levadas ao campo e se livrar dos que não tinham valor antes que mais prisioneiros chegassem. Também foi nessa época que Auschwitz recebeu 425.000 prisioneiros húngaros (a maioria deles judeus). Cerca de 300.000 morreram e é por cumplicidade nessas mortes que a promotoria quer condenar o ex-guarda. "Ele ajudou o regime nazista a se beneficiar economicamente e apoiou os assassinatos sistemáticos", afirma a denúncia da promotoria. Nas seis décadas após a II Guerra Mundial, Oskar Gröning levou uma vida relativamente tranquila na região de Hanover, na Alemanha. Ele chegou a ser denunciado pelo Ministério Público na década de 80, mas as acusações foram logo arquivadas porque não foi possível ligá-lo a algum assassinato específico. Em 2005, o ex-guarda apareceu em um documentário dando detalhes sobre o que viu em Auschwitz. No mesmo ano, ele deu uma entrevista para a revista Der Spiegel relatando episódios brutais que testemunhou no campo, como o assassinato de um bebê por um colega da SS. Gröning disse que decidiu falar sobre o que acontecia no local ao ver a disseminação de panfletos que negavam o holocausto nazista e sentir que era sua responsabilidade falar a verdade. “Eu vi as câmaras, eu vi os fornos", ressaltou. O ex-guarda afirmou, contudo, que pessoalmente não cometeu atrocidades: "Cúmplice é um pouco demais para mim. Eu descreveria meu trabalho como um pequeno parafuso em uma engrenagem. Se você descrever isso como culpa, então eu sou culpado, mas não voluntariamente. Falando legalmente, eu sou inocente". Uma reforma judicial em 2011 permitiu que funcionários que ocupavam posições menores no regime nazista também pudessem ser processados. Um escritório do governo responsável por investigar crimes cometidos no período indicou 30 nomes de antigos guardas de Auschwitz que poderiam ser eventualmente processados. A maioria está em más condições de saúde. Outros três casos chegaram a ser abertos, mas até agora o de Gröning foi o único em que o denunciado apresentou condições para ir a julgamento.
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