Eis que leio no Estadão Online a seguinte informação (prestem atenção à parte grifada!). Na sequência, imagem da matéria:
“O presidente de Israel, Reuven Rivlin, telefonou na tarde desta segunda-feira, 11, para a presidente Dilma Rousseff pedindo desculpas pelas declarações dadas pelo porta-voz da chancelaria, Yigal Palmor, que, há duas semanas, chamou o Brasil de “anão diplomático” e disse que o Brasil estava se transformando em “um parceiro diplomático irrelevante, que cria problemas em vez de contribuir para soluções”. Em resposta às afirmações, o Brasil chamou para consultas o embaixador em Tel-Aviv, Henrique Sardinha, o que irritou o governo israelense, que disse ter ficado “desapontado” com a atitude do governo brasileiro.”
Há um erro importante de informação aí. Sério mesmo! Aconteceu justamente o contrário. O diplomata israelense só fez aquela declaração (no dia 24 de julho) depois que o Brasil chamou, no dia 23, para consultas o embaixador brasileiro em Tel Aviv. No mesmo dia, emitiu uma nota em que censurava apenas Israel pelo conflito. Aliás, é o que informava o próprio Estadão no dia 24 de julho 24 de julho:
Não estou dizendo que o erro é proposital ou que haja má-fé, mas sempre me impressiona a quantidade de erros da imprensa brasileira quando se trata de Israel. Não só no Estadão. Em todo lugar. E aí me vejo obrigado a questionar até que ponto isso não decorre de uma falsa “doxa”, de uma verdade firmada no preconceito, segundo a qual aquele país é um vilão a esmagar pobres vítimas, não é? Que fique claro: o diplomata reagiu à convocação do embaixador; não é a convocação que é uma reação à fala do diplomata. Agora vamos ao caso em si.
O pedido de desculpasDizem alguns bobos que concordo automaticamente com o governo de Israel, sempre!, não importa o que ele faça. Não é verdade, mas eu não me defendo do que dizem os idiotas ou do que pensa a meu respeito o vulgo. Eu sou um leitor do poeta Horácio: “Odi profanum vulgus et arceo. Favete linguis”. É fácil saber o que significa.
Pois bem. Reuven Rivlin, o presidente de Israel — que não é o governo do país, mas representa o Estado —, telefonou para a presidente Dilma e se desculpou pela fala de Yigal Palmor, da chancelaria, segundo quem o Brasil era um “anão diplomático”. Para ser mais preciso, afirmou o seguinte: “Essa é uma demonstração lamentável de por que o Brasil, um gigante econômico e cultural, continua sendo um anão diplomático”. E disse mais: “O relativismo moral por trás dessa atitude faz do Brasil um parceiro diplomático irrelevante, que cria problema ao invés de contribuir para solucioná-los”.
Palmor estava certíssimo. Ele reagia a uma decisão delinquente da política externa brasileira. O Itamaraty redigiu, então, uma nota criticando Israel por sua ação na Faixa de Gaza e não fez a mais remota menção ao fato de que o país estava sendo atacado pelos foguetes do Hamas. Para piorar, chamou o embaixador para consultas, o que significa um agravo ao outro país.
Assim, Palmor estava, obviamente, certíssimo ao reagir daquela maneira. Era mesmo coisa de anão diplomático. E, cá entre nós, não foi a única decisão estúpida tomada pelo Itamaraty.
Segundo informa o Palácio do Planalto, Rivlin se desculpou pela reação do porta-voz e reafirmou a amizade de Israel com o Brasil. Em resposta, a presidente Dilma teria afirmado que seu governo repudia, sim, os ataques do Hamas, mas condena igualmente o que considera a reação desproporcional dos israelenses.
Eu ainda quero saber o que é “reação proporcional” num caso como esse, mas, de todo modo, indago: por que o Itamaraty não fez, então, essa afirmação naquela nota de 23 de julho? Por que preferiu transformar um lado — Israel — em vilão e o outro lado — o Hamas — em vítima?
Queriam me ver aqui a discordar de autoridades israelenses? Pois não! É o que faço agora. Certamente o presidente de Israel sabe o que é melhor para o seu país, mas, se foi como o Palácio do Planalto está anunciando, discordo do pedido de desculpas. Continuo a achar que é o governo brasileiro que deve desculpas ao governo israelense. Por Reinaldo Azevedo
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