sexta-feira, 29 de agosto de 2014
TELECOM ITÁLIA ENFRENTA DILEMA APÓS PERDER DISPUTA PELA GVT
A Telecom Italia perdeu um caminho promissor para o crescimento de seu lucro ao não garantir a compra da operadora de banda larga brasileira GVT, e pode agora ser alvo de aquisição em uma indústria que se consolida rapidamente. Ter vencido a disputa pela GVT, da companhia de mídia francesa Vivendi, era vital tanto para a Telecom Italia como para sua rival, a espanhola Telefónica, enquanto os mercados europeus encolhem. A Itália enfrentou uma guerra de preços no mercado móvel no ano passado, as receitas estão caindo e a competição se mantém forte. A Telecom Italia perdeu a disputa para a Telefónica, já que não pôde superar a oferta de 7,45 bilhões de euros pela GVT. A Telecom Italia tem dívidas de 32 bilhões de euros (42 bilhões de dólares), de acordo com a agência de classificação de risco Moody's, e perdeu sua nota de grau de investimento no ano passado. A compra da GVT poderia solucionar a maior fragilidade da TIM no Brasil, o fato de não ter redes de banda larga fixa. A Telecom Italia poderá considerar agora deixar o País, que representa um terço de sua receita, o que lhe permitirá pagar alguma parte de sua dívida, mas a deixaria ainda mais dependente de um mercado doméstico fraco. Sete fontes do setor bancário e investidores apontam a Telecom Italia como uma empresa sem direção clara que poderá ter dificuldades para levantar recursos de acionistas para financiar importantes melhoras de sua rede. O presidente-executivo Marco Patuano "está humilhado", disse um banqueiro sediado em Milão: "Ele vendeu de forma agressiva (o acordo da GVT) como a resposta para os críticos da Telecom Italia e agora precisa voltar à comunidade financeira para dizer quais são os próximos passos. Não haverá um aumento de capital simplesmente porque vai levar tempo para que a companhia se recupere desse revés e crie uma nova estratégia - você não pode pedir mais ações sem um plano estratégico claro". A base de acionistas da Telecom Italia adiciona mais confusão à situação. A Telefónica é agora seu maior acionista indireto, com 14,8% de participação, mas venderá parte de sua fatia à Vivendi como forma de pagamento pela GVT. Instituições financeiras italianas também querem sair do que tem sido um investimento não rentável desde 2007. A Vivendi deverá aceitar uma fatia de 5,7% da Telefónica na Telecom Italia, ou uma participação de 8,3% com direito a voto. Analistas especulam se a Vivendi também poderia mais tarde comprar a participação dos demais investidores italianos. Alguns dizem que o dilema de Patuano faz da Telecom Italia um potencial alvo de compra para operadoras como Deutsche Telekom ou Vodafone. A estratégia de Patuano revelada no ano passado traçou a venda de ativos na Argentina e em outros locais para ajudar a financiar investimentos em redes na Itália com o objetivo de impulsionar a velocidade da banda larga e lançar a tecnologia 4G. Ele reafirmou que a TIM continua um ativo-chave para o futuro do grupo.
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