sexta-feira, 22 de agosto de 2014
PAULO ROBERTO COSTA SUBSTITUIU JOSÉ SÉRGIO GABRIELLI NO COMANDO DA PETROBRAS EM 24 VEZES
Preso desde junho e réu em dois processos, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, foi presidente interino da estatal em 24 ocasiões, de 2005 a 2012, período em que a empresa comprou a refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, e no qual ele é acusado de agir em benefício do esquema do doleiro Alberto Youssef. Ao todo, foram 95 dias no cargo. O regimento da Petrobrás dá ao presidente - à época José Sergio Gabrielli - o direito de escolher o substituto. Paulo Roberto Costa só não ficou mais no cargo máximo da Petrobrás do que o ex-diretor de Exploração e Produção Guilherme Estrella, que assumiu a cadeira de Gabrielli 36 vezes e 116 dias. A frequência com que Paulo Roberto Costa era chamado a comandar a estatal contrasta com o depoimento de Gabrielli dado em junho à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Petrobrás. O ex-presidente da estatal negou que Paulo Roberto Costa fosse seu “homem de confiança”. O ex-diretor da Area Internacional, Nestor Cerveró, protagonista na compra da refinaria de Pasadena, ficou seis vezes no cargo. Jorge Zelada, também ex-diretor da Área Internacional, três. Ao lado de Paulo Roberto Costa, os dois são apontados como responsáveis pelos prejuízos causados à estatal em razão da compra da refinaria. Os dados sobre a permanência de diretores na presidência da Petrobrás na gestão Gabrielli foram obtidos pelo Estado via Lei de Acesso a Informação. O executivo também teve bloqueados os bens a pedido do TCU pelos prejuízos da compra de Pasadena. Era ele quem estava à frente da estatal em 16 de novembro de 2005, quando foi assinado o memorando. As negociações para aquisição da refinaria começaram em fevereiro de 2005. Um mês antes, a companhia belga registrara a compra da unidade por US$ 42 milhões. Em agosto, a primeira proposta aprovada pela Petrobrás era de US$ 365 milhões por 70% de participação. No mês seguinte, a Astra exigiu US$ 425 milhões pela mesma cota. Até novembro de 2005, foram nove ausências de Gabrielli por viagens ao Exterior. Paulo Roberto Costa e o diretor financeiro, Almir Barbassa, assumiram a presidência uma vez cada. Estrella ocupou o cargo sete vezes, inclusive no dia da assinatura do memorando de entendimentos com a Astra Oil (empresa da Bélgica) para a compra de 50% da refinaria americana. Estrella, que ao lado de Cerveró e Costa teve os bens bloqueados pelo Tribunal de Contas da União sob suspeita de ter causado prejuízo à Petrobrás em razão de Pasadena, jamais se pronunciou sobre a compra. O acordo previa a aquisição de 50% da refinaria por US$ 365 milhões e indicava a necessidade de reforma para adequá-la ao óleo produzido pela Petrobrás. O negócio foi apresentado à Diretoria Executiva em 2 de fevereiro de 2006. No dia seguinte foi aprovada pelo Conselho de Administração, à época presidido pela hoje presidente da República, Dilma Rousseff. A presidente afirma que só aprovou a compra porque recebeu um resumo “falho” e “incompleto” sobre o negócio. O autor do resumo executivo entregue ao conselho foi Cerveró.
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