domingo, 10 de agosto de 2014

O DOLEIRO ALBERTO YOUSSEF JÁ ESTARIA DISPOSTO A FAZER DELAÇÃO PREMIADA

Informa o jornal Folha de S. Paulo - Dezesseis quilos mais magro, resultado dos quase cinco meses preso, réu em 12 processos, nos quais deve ser condenado a mais de cem anos de prisão, e com um pedido de divórcio da mulher, o doleiro Alberto Youssef enviou sinais ao Ministério Público e à Justiça de que quer fazer um acordo de delação premiada para se livrar da cadeia o quanto antes. A lei brasileira prevê redução de pena para colaboradores. Se o que revelar à Justiça ajudar a esclarecer crimes mais graves, Youssef pode até ficar livre da prisão. Foi o que aconteceu em 2007, quando o doleiro foi detido pela primeira vez, na Operação Banestado, e escapou entregando uma parte da sua clientela. A conclusão do doleiro, e da maioria dos advogados que atua na Operação Lava Jato, é que não há defesa técnica possível contra as provas que a Polícia Federal e os procuradores juntaram contra ele, Paulo Roberto Costa (ex-diretor de abastecimento da Petrobras) e cerca de 15 empreiteiras. Restam duas alternativas para a defesa, segundo cinco advogados que atuam no caso ouvidos pela Folha sob condição de anonimato: tentar tirar o juiz Sergio Moro do julgamento ou tirar os processos do Paraná, onde a Lava Jato foi deflagrada. Moro é considerado um juiz duríssimo, mas com um preparo técnico praticamente imbatível em questões de crime financeiro e lavagem de dinheiro. As duas hipóteses são remotas, pois o Supremo já decidiu que o caso deve ficar na Justiça do Paraná. O doleiro foi preso em 17 de março pela Polícia Federal na Operação Lava Jato, sob a acusação de comandar um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou R$ 10 bilhões em quatro anos e tinha ramificações na Petrobras, no Ministério da Saúde e em partidos como PT, PP e SDD. Youssef levava uma vida de milionário antes de ser preso. Morava em um apartamento comprado por R$ 3,5 milhões na Vila Nova Conceição, im dos bairros mais caros de São Paulo; tinha três hotéis, uma rede de agência de viagens e helicóptero, e convivia com altos executivos de empreiteiras. Com um deles costumava beber o vinho Vega Sicilia, que, em algumas safras, custa R$ 2.000,00. Uma cifra apurada pelos procuradores que atuam na Operação Lava Jato traduz, em parte, o porte que Alberto Youssef atingira. Ele remeteu US$ 444,7 milhões (o equivalente a pouco mais de R$ 1 bilhão) para fora do País entre junho de 2011 e março deste ano, em uma média de US$ 150 milhões ao ano. É um volume equivalente a um banco de médio porte. A maior dificuldade para que a colaboração de Youssef seja aceita é que sua credibilidade tende a zero. As razões da baixa credibilidade é que ele não contou tudo o que sabia na delação premiada que fez em 2007 e não cumpriu a promessa de que não voltaria a atuar no mercado de dólar. A avaliação da Polícia Federal e dos procuradores é que Youssef usou a primeira delação premiada como alavanca para elevar sua participação no mercado. A estratégia que usou foi entregar os clientes menos importantes, como políticos e servidores públicos do Paraná, e preservar os grandes, como o deputado José Janene (PP-PR) que até morrer, em 2010, era o cicerone do doleiro em Brasília e em empresas como Petrobras. O plano deu certo. Youssef deixou de ser um doleiro do Paraná e passou a ter atuação em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Continuou atuando com o PP, mas conquistou aliados no PT, como o deputado federal André Vargas.

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